Cinco dias após os confrontos mortais na vila mineira de Cafunfo, na província angolana da Lunda Norte, moradores relatam à VOA um ambiente de medo de represálias e garantem que os seis mortos avançados pelas autoridades não são números reais.
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Eles indicam ainda que há pessoas nas matas com corpos de familiares com medo de regressar às suas casas e outras estão impedidas de ir às suas próprias lavras buscar mantimentos.
Um cidadão de 68 anos, que não quis identificar-se, afirma que “houve muito mais mortes aqui, morreu muita gente, a uns 10 quilómetros daqui não estão a deixar entrar as pessoas, elas dormem nas matas".
Outro morador acrescenta que a “televisão deles diz que são seis mortes, é tudo mentira, os mortos aqui que nós vimos ultrapassam os 20 e mesmo assim há pessoas com corpos de familiares dispersas nas matas”.
Ele revela que “nesta manhã (quinta-feira), um militar das Forças Armadas disparou contra um jovem, assim sem mais nem menos".
À semelhança do que têm defendido partidos, activistas, organizações não governamentais e a Igreja Católica, o problema principal em Cafunfo é de caracter económico e social.
“Os jovens aqui não têm opção de emprego, não temos água canalizada, bebemos água de cacimbas e as pessoas não podem ir desenrascar porque são impedidas, a pessoa vai ao hospital é só receitas nunca há medicamentos, e quando alguém reivindica este e outros direitos é logo acusado de rebelião porque é a verdade que eles não gostam de ouvir", acrecenta outros morador.
As autoridades locais têm-se mantido silenciosas sobre a situação na vila mineira da província da Lunda Norte que foi palco no sábado, 30, de confrontos entre as forças de segurança e cerca de 300 manifestantes que, convocados pelo Movimento Protectorado Lunda Tchokwe, pretendiam marchar para pedir um diálogo com o Governo.
Dados da Polícia Nacional apontam para seis mortes, mas a Amnistia Internacional confirmou, pelo menos, 10 mortes e fontes independentes avançam para pelo menos 27 vítimas mortais, enquanto há muitos desaparecidos.