Mondlane e Podemos, os “futuros” possíveis

Venâncio Mondlane (esquerda) e Daniel Chapo (direita)

Analistas políticos debatem os próximos tempos do antigo candidato presidencial e do partido que o apoiou

Analistas políticos dizem que a alegada “traição” do presidente do Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), Albino Forquilha, enfraqueceu o poder de negociação de Venâncio Mondlane, mas a sua sobrevivência sem apoio partidário não está em causa porque tem um forte apoio popular e ele pode criar o seu próprio partido, embora de momento isso não faça parte das suas prioridades.

Your browser doesn’t support HTML5

África Agora: “PODEMOS antes de Venâncio era um ilustre desconhecido”, diz Fredson Guilengue

O relacionamento entre Venâncio Mondlane e o Podemos era de conveniência porque para o antigo candidato presidencial o casamento ideal era com a Coligação Aliança Democrática (CADE), que entretanto foi chumbada de participar nas eleições de 9 de Outubro passado.

Veja Também Moçambique: Ano letivo 2025 começa com mais alunos em "salas sombra"

Venâncio Mondlane e Albino Forquilha já não se entendiam relativamente à forma como deviam ser feitas as manifestações de protesto contra os resultados eleitorais e mais recentemente as relações acirraram com a tomada de posse dos deputados do Podemos na Assembleia da República, a que Mondlane se opôs, acusando Albino Forquilha de traidor.

O analista político Egídio Chaimite diz que por causa desse desentendimento, o poder de negociação de Venâncio Mondlane ficou enfraquecido, apesar de que sempre ficou claro que ele não cabia no Podemos, na Renamo, nem no MDM e muito menos na Frelimo.

Veja Também Moçambique: Observadores recomendam revisão da lei eleitoral e diálogo com Venâncio Mondlane

Podemos confia

Ele refere que muitas das clausulas do acordo de coligação assinado entre Mondlane e Podemos dão a a indicação de que o antigo candidato presidencial projetava criar um novo movimento que podia incluir ou não o Podemos.

Chaimite enfatiza que “a traição do Podemos enfraqueceu Venâncio Mondlane, mas ele sobrevive sem este partido, porque o projecto dele vai para além do Podemos, da Renamo, do MDM e da Frelimo’’.

Your browser doesn’t support HTML5

Moçambique: "Defensores de Direitos Humanos e jornalistas trabalham num contexto de risco", Ernesto Nhanale

Quanto à possibilidade de sobrevivência do Podemos sem Venâncio Mocambique, aquele analista afirma que, tendo em conta o que fizeram Albino Forquilha e o seu partido, a chance de ter um apoio igual àquele que tiveram agora é muito reduzida, “mas o tacho está garantido para os próximos cinco anos, a questão agora é qual é a garantia da sua sobrevivência depois dos cinco anos, e ai tenho extremas reservas”.

Para Isabel Rafael, membro do Podemos, "é exagero afirmar que o nosso partido está a reboque de Venâncio Mondlane, porque se estivéssemos, os nossos deputados não teriam tomado posse na Assembleia da República, como o Venâncio queria e as pessoas vão ver que nós vamos sobreviver sem o apoio dele".

Mondlane aposta em reformas

Entretanto, Castigo Cossa, pessoa próxima do antigo candidato presidencial, diz que neste momento não é prioritário para Venâncio Mondlane criar um partido político, sublinhando que "e que o aspeto mais importante é participar no dialogo para que as reformas necessárias sejam feitas em nome do povo pelo qual está a lutar".

Um jornal da praça noticiou que Venâncio Mondlane estaria a considerar uma eventual coligação com o Partido Independente de Moçambique (PIMO), mas o seu presidente, Yaqub Sibindy, sem necessariamente confirmar a informação, diz que "toda a iniciativa visando a união da oposição para derrubar a Frelimo é bem-vinda".