Mocambique: Venâncio Mondlane precisa de assessoria para o país sair da crise política, analistas

Venâncio Mondlane - Candidato presidencial

Venâncio Mondlane precisa de ter uma equipa de assessoria jurídica, política e diplomática que possa traçar um plano para eventuais contatos com a Frelimo para se sair da crise política em que Moçambique se encontra mergulhado, dizem analistas políticos.

Mondlane tem estado a convocar desde 21 de Outubro deste ano manifestações com a finalidade de pressionar a reposição do que considera justiça eleitoral, porque não reconhece os resultados anunciados pela Comissão Nacional de Eleições, que dão vitoria a Daniel Chapo, candidato presidencial da Frelimo.

A formação política PODEMOS submeteu ao Conselho Constitucional um recurso contra os resultados eleitorais, alegando que o candidato Venâncio Mondlane venceu a eleição presidencial, uma conclusão que diz ter resultado da análise das actas e editais recolhidos nas mesas de votação, que foram entregues àquele órgão.

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Os partidos RENAMO e o MDM também submeteram recursos ao Conselho Constitucional impugnando o processo eleitoral moçambicano, que foi caracterizado por diversas irregularidades, entre as quais as discrepâncias existentes no número de votantes nas eleições legislativas, presidenciais e para as Assembléias Provinciais.

Plano

Observadores nacionais e internacionais criticaram tais irregularidades.

Face ao atual cenário de manifestações, nalguns círculos de opinião afirma-se que Venâncio Mondlane precisa de um plano para a sua luta contra o processo eleitoral.

Para o político Manuel de Araujo, que é também presidente do Conselho Municipal de Quelimane pela RENAMO, um eventual plano de Mondlane passa por muitas coisas, algumas das quais ele já está a fazer, nomeadamente os protestos contra o Governo.

Araújo anota ser necessário que Mondlane tenha uma equipa de assessoria jurídica, política, de comunicação e diplomática. Ele, diz Araújo, precisa de abrir estas frentes todas para que haja um plano legal, mas enquanto se espera pelo acórdão do Conselho Constitucional as manifestações devem continuar de forma pacífica, “como nós fazemos em Quelimane, onde desde domingo passado nos reunimos todos os dias à tarde’’.

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Araújo sublinha que Venâncio Mondlane não deve aceitar os resultados eleitorais, deve lutar, mas não pode continuar a acirrar as populações e muito menos proibí-las de trabalhar, porque este é um direito fundamental que precisa de ser respeitado.

“Um eventual plano de Venâncio Mondlane deve passar, primeiro, por ele se reconciliar com o PODEMOS, porque nota-se cada vez mais um afastamento deste partido do seu candidato presidencial”, afirma o analista político Paul Fauvet, defendendo, igualmente um entendimento entre a Frelimo e o PODEMOS, “embora possa ser um processo bastante difícil por causa dos danos causados pelas manifestações da semana passada’’.

Negociação

Por seu turno, o analista político Francisco Matsinhe diz que Venâncio Mondlane “deve negociar com a Frelimo um acordo que satisfaça ambas as partes, advertindo, no entanto que mesmo que eventualmente o candidato presidencial do PODEMOS desapareça do mapa político, o problema não está resolvido, porque a questão de fundo é o desemprego, a falta de emprego e outras questões que preocupam a juventude’’.

Quem também defende que Venâncio Mondlane deve ter alguém que possa estabelecer contactos com a Frelimo com vista a um eventual acordo é o analista político Luis Nhachote, sublinhando que o encontro deve ser com Daniel Chapo, declarado vencedor das presidenciais pela Comissão Nacional de Eleições, “e não com elementos ligados ao consulado do Presidente Filipe Nyusi”.

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Contudo, outro analista político, Ivan Mausse, acha que Venâncio Mondlane não deve assinar qualquer acordo, nem aceitar os resultados oficiais, e que quem deve ser mais humilde é a Frelimo, no sentido de entender que o problema não é apenas com Venâncio Mondlane, “mas com muitos moçambicanos que aderem às suas manifestações’’.

Entretanto, as autoridades governamentais e policiais parecem estar inclinadas para o dialogo, pelo menos foi isso que deixou transparecer o Comandante-Geral da Polícia, Bernardino Rafael.

Mas há quem coloque em causa esta vontade de dialogar num contexto em que o Ministério Público moçambicano instaurou já 208 processos-crime para responsabilizar os autores morais e materiais da violência nas manifestações convocadas por Venâncio Mondlane.

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