O Governo moçambicano diz ainda não ter resposta ao pedido do Presidente da Turquia para neutralizar os cidadãos turcos procurados pelo Executivo de Erdogan.
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O ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação disse nesta segunda-feira, 6, que o processo ainda está a ser analisado dentro da legislação nacional.
"Moçambique tem leis próprias e estamos a analisar o pedido feito. A resposta não pode ser imediata e na devida altura, daremos a resposta", disse Oldemiro Baloi.
O docente e especialista em Relações Internacionais, Paulo Wache, classifica a posição de Moçambique, perante o pedido de cooperação da Turquia, extremamente delicada, mas que precisa ter saídas diplomáticas.
"Em diplomacia nunca se diz não, mas isso não significa que é sim", adianta Wache que sugere que o Governo deve equacionar os ganhos e as perdas que o país pode ter resultante das suas decisões.
"Precisamos ver qual é a posição que nos traz maiores vantagens. Se dissermos que estamos com Erdogan, isso significa que o país teria de confiscar os bens dos suspeitos, o que iria desincentivar outros investidores, mas se dissermos não, também é perigoso, porque a Turquia tem o poder que tem ao nível económico e na situação económica em que nos encontramos, pode ser um bom parceiro", concluiu aquele analista.
No passado 24 de Janeiro, durante a sua visita a Maputo, o Presidente da Turquia pediu ao seu homólogo moçambicano Filipe Nyusi que o ajude a caçar os seus adversários políticos que ele considera terem estado por trás da tentativa de golpe de Estado em Julho do ano passado.
Recyp Erdogan alertou, na ocasião, para o perigo dos referidos grupos e disse esperar que Moçambique dê a sua cooperação, como um país amigo.
"As alegadas células estão envolvidas em actividades ligadas ao sector do ensino e outras actividades sociais que parecem inofensivas ou mesmo ligadas ao desenvolvimento, mas tem por trás, planos terroristas que podem afectar Moçambique", sustentou o Presidente turco.
De acordo com informações de fontes que não se quiseram identificar, um dos alvos de Erdogan é a Willow International School, um dos maiores centros de ensino em Maputo, reconhecido pela sua qualidade.
Com propinas altas em relação à média local, a "Willow" é basicamente frequentada por filhos das elites políticas e económicas do país.
As autoridades de Ancara consideram a escola um dos investimentos do movimento clérigo Gulen e que deve ser encerrada.