Economistas afirmam que a debilidade do Estado moçambicano em termos de conhecimento e de saber relacionar-se com produtos fontes de energia, contribui para a baixa capacidade de negociação que o Governo tem junto das empresas multinacionais de exploração de gás e outros produtos energéticos, bem como na hora de fazer os contratos
Your browser doesn’t support HTML5
O Governo está a negociar uma série de contratos com a companhia americana Anadarko, sobretudo a participação da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos-ENH, na área 1, na bacia do Rovuma, no norte de Moçambique, bem como a quota e o preço do gás para o mercado doméstico.
Nos termos do contrato em negociação, a Anadarko oferece apenas 1/4 das necessidades do gás doméstico, a um preço não competitivo, o que é visto como sendo uma solução problemática.
Acredita-se que existam outras empresas envolvidas em estudos sobre gás e petróleo na zona do Rovuma.
O economista João Mosca entende que se isso estiver dentro de uma estratégia em que se prevê que outras empresas venham a deixar em Moçambique também uma parte das necessidades de consumo doméstico, e o somatório dessas empresas garante o abastecimento interno, pode ser razoável, mas cso contrário vai ser prejudicial para o país.
Mosca defende que Moçambique poderia reter uma maior percentagem de gás para poder exportar.
Outro aspecto é ver qual a real capacidade de consumo interno, "porque esta implica muitíssimos outros investimentos em infra-estruturas de distribuição do gás, e eu não sei o que é que isso poderá significar em termos de proporção da produção da Anadarko, mas 1/4 pode significar muito pouco".
O economista explica que tudo isto depende de muitos outros factores e aponta o que se passa na zona sul de Moçambique, em relação ao gás da companhia sul-africana Sasol.
Mosca diz que, além das exportações serem inferiores às previstas, os valores que o país recebe dessas exportações são também inferiores aos praticados no mercado internacional.
De igual modo, o investimento que a companhia fez em termos de infra-estruturas para o fornecimento de gás ao mercado interno é muito limitado.
Para João Mosca, há um conjunto de aspectos que não corresponde áquilo que eram as expectativas.
Os investimentos em infraestruturas é muito limitado e se isso acontecer em relação às empresas que vão operar no norte do país, "então, para essas empresas, este tipo de contratos será muito beneficioso, na medida em que elas não vão realizar este tipo de investimentos internos".
Em muitos países existem muitas diferenças em relação a este aspecto, havendo os que retêm 10 por cento e outros one o volume de retenção se situa em quase 60 por cento.
Para o economista, o Estado moçambicano tem grandes debilidades de conhecimento e de saber relacionar-se com este tipo de produtos e com as multinacionais.
"Fazer a contratação de técnicos independentes para assessorar o Governo, sempre é muito diferente se fossem especialistas moçambicanos a fazerem esse trabalho. Portanto, o nosso Estado é muito débil neste aspecto e, eventualmente, isso contribui para a baixa capacidade de negociação que o Governo tem neste tipo de contractos com essas empresas", destacou ainda o economista.
Para João Mosca, figuras influentes do poder político têm um grande peso nestes e nos anteriores negócios, sobretudo no norte do país.