Persistem casos de subnutrição crónica em grande parte da população moçambicana apesar de haver melhorias no sector de segurança alimentar no país.
A conclusão é de uma pesquisa sobre a diversidade mínima da dieta alimentar e nutricional cujo resultados foram divulgados em Maputo.
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Em todo o país, 64 por cento das mulheres em idade reprodutiva, ou seja com idades compreendidas entre 15 e 49 anos de idade, não têm acesso a uma alimentação de qualidade, de acordo com os resultados de uma pesquisa realizada pelas equipas de coordenação do Programa de Promoção de Mercados Rurais e do projecto de Promoção de Pesca Artesenal.
A falta de conhecimento sobre a necessidade da diversificação de alimentos é apontada como a principal causa de persistência de casos de desnutrição no País, revelou o pesquisador Magno Nhancolo.
"É preciso que, primeiro, tenham conhecimento do que é uma dieta saudável, tem também hde aver com a própria prática do processamento dos alimentos porque nós sabemos que a prática das nossas comunidades é produzir as hortícolas sobretudo no período fresco em que se pode produzir e noutros eles já não tem isso disponível, então tem que ter uma prática de processamento e conservação para que possa melhorar a sua qualidade da dieta, mesmo no período em que não há maior produção", revelou Nhabombe.
Os diversos hábitos culturais e os tabus influenciam a qualidade do consumo alimentar, defendeu António Paulo, pesquisador nutricional.
"Dependendo da região, há alimentos que as comunidades acham que não são adequados para as mulheres, não são adequados paras as crianças ou idosos. Existe uma tarefa grande de identificar o que é que existe em cada comunidade e como cada comunidade está a fazer o uso desses alimentos que estão a consumir", considerou António Paulo.
Perante este cenário, o estudo recomenda as mulheres em idade reprodutiva e crianças ao consumo diversificado de determinados alimentos.
"Por exemplo, os legumes, grãos, produtos lácteos e produtos da pesca. Apenas 36 por cento, o que significa que quase 70 por cento da população, 64 por cento das mulheres, precisa aumentar a diversidade de pelo menos um ou dois grupos alimentares. Verificamos que principalmente às senhoras precisam aumentar nessas comunidades o consumo de leguminosas por exemplo os feijões, precisam aumentar o consumo de folhas verdes escuras que são ricas em vitamina A e frutas e legumes ricos em vitamina A", recomendou Maria Fernanda, especialista nutricional do FIDA.
O estudo abrangeu cerca de três mil pessoas de seis províncias nomeadamente: Maputo, Gaza, Inhambane, Sofala, Zambézia e Cabo Delgado e foi financiado pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agricola no valor de dois milhões e quinhentos euros.