Em Moçambique, cresce o número de alunos que abandona as aulas devido à violência militar nos distritos da província de Manica, com maior incidência em Báruè, actual palco das maiores confrontações entre as forças governamentais e o braço armado da oposição, Renamo.
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Os números oficiais indicam que 22 mil crianças não têm acesso à educação, devido ao encerramento de 52 escolas em zonas recônditas dos distritos de Báruè, Mossurize e Manica, onde há registo frequentes de confrontos entre os beligerantes,
Mas estes números podem não mostrar a realidade.
Continuam a chegar relatos de pais e encarregados de educação a deixarem as suas zonas devido ao alastramento do conflito na região, onde várias escolas e aldeias foram transformadas em aquartelamentos militares.
“Aqui não tem alunos" por causa da da guerra, explicou à VOA Manuel Fonseca, um morador de Chiuala, a zona mais turbulenta de Honde, em Báruè, num depoimento que mostra que o evoluir do conflito forçou a fuga da população para zonas seguras.
A maioria dos pais tirou os seus filhos das zonas de risco para centros urbanos, e outros tantos voltaram a imigrar para os países vizinhos, onde se haviam refugiado na guerra civil, que durou dos 16 anos (1977-1992) opondo o Governo e a Renamo.
“Estamos de qualquer maneira aqui. É por isso que os alunos não estão a estudar”, disseJoaquim Pembema, um morador do interior de Honde, adiantando que o conflito, além de perturbar a educação dos filhos, tem efeitos nefastos no campo social pela falta de sossego.
As autoridades de educação em Manica anunciaram o inicio da reintegração dos alunos que foram forçados a fugir das suas zonas por causa do conflito.
No país, cerca de 36 mil alunos estão sem aulas e 97 escolas continuam encerradas por causa do conflito, segundo dados do Ministério da Educação.
Recorde-se que as autoridades de Manica determinaram em Junho a criação de escoltas militares obrigatórias no troço da N7, entre Vanduzi (Manica) e Changara (Tete), para aliviar os frequentes ataques a viaturas civis e militares.