Milhares de deslocados, devido à tensão político-militar, num centro de acomodação em Mossurize, na província moçambicana de Manica, estão preocupados com o desentendimento politico entre o governo e a Renamo, e clamam por uma pacificação que lhes garanta o retorno as suas vidas normais.
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Distribuidos em 334 tendas militares, com o mesmo número de famílias, alojadas num extenso campo aberto, em Espungabera, a sede de Mossurize, os deslocados relatam casos de decapitação, tortura, violência sexual, rapto, saque e destruição de infraestruturas.
As acções são atribuídas à Renamo e as forças de defesa e segurança, que se confrontam com frequência na região centro de Moçambique.
Maria Jossias e Manuel Tauro contam que fugiram da casa por causa dos homens armados da Renamo, que torturavam as pessoas, além de roubar animais e dinheiro e destruíam estradas e casas.
As famílias alojadas em Espungabera são provenientes das localidades de Chiurairue, Chiquequete, Chirera e Dacata, uma zona favorável à Renamo e próxima da terra natal do líder, Afonso Dhlakama.
Jaime Johane, responsável do centro de Mossurize disse que entre os deslocados estão 457 crianças e 44 idosos, a maioria “vitimas da perseguição do inimigo”, em alusão aos homens armados da Renamo.
Em Manica existem três centros de acomodação das vitimas da tensão politico e militar e da seca, activados há mais de dois meses. O de Mossurize alberga o maior número de vítimas, totalizando 1.611 pessoas; seguido de Báruè, com 646; e Gondola, com 115.
A instabilidade militar tem marcado nos últimos meses a região centro de Moçambique, com relatos de confrontos entre o braço armado da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança, além de denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos das duas partes.
A Renamo recusa-se a aceitar os resultados das eleições gerais de 2014, ganhas oficialmente pela Frelimo, e exige governar em seis províncias onde reivindica vitória no escrutínio.
Os mediadores que devia deslocar-se a Gorongosa, para discutir pessoalmente com Afonso Dhlakama, sobre a exigência da governação e o cessar-fogo, continua em Maputo.
O líder da Renamo fez referência a um plano de ataque ao grupo pelas forças governamentais, para depois atribuir a acção à oposição.