Moçambique está entre os sete países com a maior prevalência de casamentos prematuros em África e entre os 10 mais afectados no mundo por este fenómeno.
Para a inverter esta tendência foi lançada nesta segunda-feira, 11, uma estratégia nacional de prevenção e combate dos casamentos prematuros, assente em acções que visam o combate a algumas práticas culturais que estão por detrás dos elevados índices dos casamentos de raparigas antes dos 15 anos.
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Dados do Inquérito Demográfico e de Saúde (IDS) apontam que em Moçambique 14 por cento das mulheres, entre os 20 e os 24 anos de idade, casaram-se antes dos 15 anos e 48 por cento antes dos 18 anos.
Em termos de distribuição geográfica do fenómeno, as províncias das zonas Centro e Norte são as mais afectadas, com destaque para Nampula (24 por cento), Zambézia (18 por cento), Cabo Delgado, Tete e Manica (nove por cento cada).
Os elevados índices de casamentos prematuros colocam Moçambique entre os 10 países africanos mais afectados por este mal, facto que levou o Governo e parceiros internacionais a desenharem uma estratégia nacional de prevenção e combate aos casamentos prematuros, segundo deu a conhecer hoje Cidália Chaúque, ministra da Mulher e Acção Social.
A estratégia aponta para a sensibilização, até 2019, das famílias, líderes religiosos e tradicionais, comunidade, crianças e sociedade no seu todo para a prevenção dos casamentos prematuros.
Esta estratégia conta com apoio de organizações internacionais, como a ONU, cuja coordenadora residente, Márcia de Castro, considerou o fenómeno uma violação grave aos direitos das crianças.
A nível global aproximadamente 15 milhões de raparigas casam-se anualmente antes dos 18 anos de idade, e Moçambiuqe não foge à regra, pois uma em cada duas crianças casam-se antes do 18 anos e 14 por cento delas antes dos 15 anos.
Representantes da sociedade civil dizem esperar que a estratégia ajude a travar esta tendência, tendo em conta questões culturais que estão por detrás dos casamentos prematuras.
A prestação de assistência multiforme a cerca de 900 mil crianças em situação de vulnerabilidade e seus agregados familiares, através dos programas de segurança social básica, é uma das componentes contidas na estratégia.