A notícia começa com o registo de uma troca de tiros entre membros do grupo terrorista Al-Shabab, com base na Somália e a Polícia local. Mais tarde desenvolve-se com relatos de todas as esquadras de Polícia dominadas pelos alegados terroristas, os 3 bancos da cidade atacados, população em fuga generalizada para o mato e uma inesperada enchente no posto de fronteira com a Tanzânia.
Mais tarde, apuram-se um pouco mais os dados e identifica-se o grupo de insurgentes de “vestes islâmicas”, como um "grupo de bandidos", conforme confirmou a Polícia, descartando qualquer hipótese de ligação ao Al-Shabab. Tratou-se, portanto e, oficialmente de um “arrastão” que “varreu” Mocímboa da Praia, deixando 14 "bandidos" e 2 polícias mortos.
Quanto à primeira possibilidade aventada, a de se tratar de um grupo afiliado, ou simpatizante do Al-Shabab, a adesão ao ideário radical islâmico é um processo há muito em andamento no Moçambique, com o regresso da juventude moçambicana premiada há mais de 20 anos, com bolsas de estudo das monarquias do Golfo, do Sudão, da Líbia e da Argélia, onde adquiriram formação religiosa e regressaram à origem, reeducando nas práticas e nos sermões.
Uma rota que passa por Mocimboa
Por outro lado, Mocímboa da Praia também fica na rota da migração, que tem origem precisamente na Somália e entra em Moçambique atravessando o Rovuma, para depois sair para a África do Sul, por Ressano Garcia, com documentação falsa, geralmente comprada no Maputo, onde também existe uma mesquita conhecida por recolher migrantes, geralmente somalis, no percurso desta rota.
Acrescentar também que no dia anterior a este episódio de Mocímboa da Praia, Mahamudo Amurane, Presidente do Município de Nampula, foi assassinado, especulando-se agora se haverá relação entre ambos os acontecimentos, distanciados cerca de 600 km e 24h, um do outro.
PORTUGAL/LÍBIA/MEDITERRÂNEO
O Submarino da Armada Portuguesa Arpão, iniciou uma missão na Operação Sophia, da Força Naval da União Europeia EUNAVFOR MED, no Mar Mediterrâneo. A missão do Arpão, será a da recolha de informações e contribuição para o desmantelamento de redes clandestinas de migrantes e tráfico de pessoas, com origem no norte de África, muito em particular na Líbia. Esta missão tem fim previsto para o final de Novembro.
Politólogo/Colaborador VOA/Radar Magrebe