O ministro moçambicano da Defesa Nacional, Jaime Neto, diz que a situação militar em Cabo Delgado está sob total domínio das forças de defesa e segurança, mercê de operações que estão a ser desencadeadas por terra, ar e mar, mas analistas consideram isso um triunfalismo exagerado do governante.
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Jaime Neto, citado pela Rádio Moçambique, disse que a par das operações militares, o Executivo moçambicano está também a levar a cabo uma ofensiva diplomática, junto dos países vizinhos, para reforçar a segurança na linha da fronteira, na tentativa de impedir a entrada, em Cabo Delgado, de indivíduos que pretendam integrar o grupo dos insurgentes.
Refira-se que Moçambique e a Tanzania assinaram, semana passada, um memorando de entendimento que visa partilhar informações e reforçar as patrulhas, para travar a insurgência terrorista.
Veja Também Moçambique e Tanzânia terão operações conjuntas contra os insurgentes de Cabo Delgado"A situação militar em Cabo Delgado está sob controlo das forças de defesa e segurança, que estão a perseguir e a aniquilar os terroristas, principalmente os seus cabecilhas, para cortarmos as ligações que têm tanto no interior, como no exterior do país", afirmou aquele governante.
Neto avançou que neste momento, "os terroristas não estão a ter sucesso, estão a correr de um lado para outro, porque, diariamente, a ação das forças de defesa e segurança estão a intensificar-se".
Triunfalismo exagerado
Mas o analista Francisco Matsinhe diz tratar-se de um triunfalismo exagerado do ministro da Defesa Nacional. "Não é por se ter recuperado a vila de Muidumbe, que tinha sido ocupada pelos insurgentes, que se vai celebrar a vitória".
Por seu turno, o investigador Borges Nhamire afirma não saber quem está a perseguir a quem na guerra em Cabo Delgado, "mas parece-me que neste momento, os terroristas é que estão a perseguir as forças de defesa e segurança de Moçambique e não o contrário".
Exclusão económica
Entretanto, noutra análise, o jornalista Fernando Lima considera que o conflito em Cabo Delgado constitui uma grande ameaça para o futuro do país, e decorre, sobretudo, da percepção política errada sobre o que se passa naquela província, "porque enquanto a questão for eminentemente militar, não vamos a nenhum lado".
"Este conflito tem causas internas e externas que devem ser resolvidas", considera João Feijó, para quem, as causas internas têm a ver com a exclusão económica e social de determinados grupos da sociedade.
Feijó defende que é preciso apostar num desenvolvimento inclusivo e rever, completamente, a euforia em terno da indústria extractiva, "que apenas serve criar elevadas expectativas e frustrá-las, porque não se vai resolver o problema das pessoas individualmente".