O ministro da Saúde de São Tomé e Príncipe, Edgar Neves, confirmou neste sábado, 22, ter pedido a sua demissão ao primeiro-ministro, Jorge Bom Jesus, na sequência e desentendimentos entre ele e os profissionais do sector, quanto à falta de medicamentos e condições de trabalho no Sistema Nacional de Saúde.
As trocas de acusações de incompetência e de negligência entre o ministro e os médicos subiram de tom nos últimos dias e o governante acabou por pedir a sua demissão do cargo.
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“Depois de ter feito uma análise profunda da situação, decidi introduzir, na passada quinta feira, dia 20 de Janeiro, o meu pedido de demissão junto ao primeiro-ministro”, disse Edgar Neves em conferência de imprensa no seu gabinete, sublinhando de a sua posição é irreversível.
O ministro é membro da União MDFM-UDD, um dos partidos que integra a coligação no poder, e esteve no Governo durante os últimos três anos.
“No cômputo geral, tendo em conta as dificuldades financeiras do país, considero ter dado o meu contributo como cidadão e enquanto profissional da saúde para a mitigação dos males que nos assolam”, afirmou o ministro na hora em que se despediu do Governo e do Ministério da Saúde.
Edgar Neves fez saber ainda que tomou a decisão de se demitir do cargo após “consulta profunda”, em primeiro lugar à sua família e amigos mais próximos e, também, ao partido que o colocou no Governo.
A crise
A demissão de Edgar Neves surge a trocas crescentes de a acusações entre ele e a classe.
Na semana passada, a presidente do Sindicato dos Médicos, Benvinda Vera Cruz acusou o Governo de não cumprir o memorando assinado entre as partes e que evitou há poucos meses uma greve anunciada pelos médicos.
Em resposta, o ministro Edgar Neves disse que o problema no sector da saúde não se resume a falta de medicamentos, que é uma das reivindicações do sindicato.
«E não é só uma questão de falta de medicamentos, que as vezes existem. Há uma questão que temos que colocar o dedo na ferida. Há incompetência e as vezes, há negligência, e pior ainda é o casamento das duas coisas», afirmou o ministro, acrescentando ter dito à Ordem dos Médicos “que temos que avaliar o acto médico”.
Em resposta, na quinta-feira, 20, a Ordem divulgou um comunicado em que diz que lamentar “que as declarações tenham chegado a um ponto que compromete a busca de soluções num período em que o país e o mundo enfrentam uma tremenda crise provocada pela pandemia da Covid-19»
O bastonário dos médicos Celso Matos deixou claro que o processo de avaliação dos profissionais de saúde ainda não está consumado.
E acrescentou que «dizer que às vezes faltam medicamentos como se tudo estivesse bem na saúde é de uma atitude negativistae irritante. Insinuar que a reivindicação por melhores condições de trabalho, se esconde por trás da incompetência e da negligência, é um insulto absurdo a vários profissionais que se desgastam em momentos de angústia e incompetência nos carentes e desactualizados centros de saúde do país».