Um grupo de membros e apoiantes do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) em Manica apresentou nesta quarta-feira, 22, uma moção que apoia a candidatura de Lutero Simango à liderança desta terceira força política, contra vozes que dizem que o comando do irmão do fundador do MDM dividiria o partido.
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Manica é a quinta província moçambicana a apresentar uma moção de apoio à candidatura de Lutero Simango, actual chefe da banca do partido MDM na Assembleia da República, apesar de este não ter submetido a sua candidatura quando falta uma semana para terminar o prazo da submissão.
As outras províncias são Maputo - cidade e província (sul), Tete e Sofala (centro) e Nampula (norte).
Em Sofala, os apoiantes da candidatura de Lutero Simango chegaram a confrontar-se fisicamente com os apoiantes de José Domingo, actual secretário-geral do partido, que também manifestaram publicamente a intenção de o candidatar à sucessão de Daviz Simango.
Veja Também Analista Fernando Lima alerta para o colapso do MDM na eleição de um líder anónimo“Fomos chamar a ele à força, porque é a única pessoa que achamos conveniente” de nos representar, porque tem “idoneidade, postura e maturidade diplomática” para continuar a conduzir o MDM, defendeu Maiba Wache, chefe nacional de assuntos sociais, culturais e religiosos do partido.
Wache, que falava durante a apresentação da moção de apoio a Lutero Simango, disse que este “consumiu sonhos e ideais dos primeiros verdadeiros revolucionários de Moçambique”, sustentando ser dos poucos que ainda não foi “corrompido por sistemas que atrasam o desenvolvimento do país”.
Os apoiantes consideram Lutero Simango como única “esperança” para a continuidade do MDM, por a sua figura representar no partido “coesão e estabilidade”, e descartaram a possibilidade de este vir a dividir o movimento.
“Eu quero chamar atenção sobre essa ‘comida’ (debate de etnias). Essa coisa que andam a dizer que é partido de família foi preparada primeiro para a Renamo, e hoje já está a ser lançada para o MDM, mas a Frelimo (partido no poder) foi conduzido com a tribo ‘machangana’, desde Mondlane, Samora, Chissano e nunca se falou de etnias” disse Wache.
Alguns analistas moçambicanos disseram que a candidatura de Lutero Simango irá confirmar a teoria do tribalismo no MDM.
Veja Também MDM prepara eleição de presidente em meio a divisões e desafios enormesOficialmente o deputado Silvério Ronguane é o único candidato à sucessão de Daviz Simango, antigo autarca da cidade da Beira e único presidente do MDM desde a sua criação, em 2009.
“Neste momento, apenas Silvério Ronguane depositou a candidatura. Os outros membros do partido apenas manifestaram publicamente a intenção, mas não concretizaram, e ainda faltam oito dias e aguardamos outras candidaturas”, disse à VOA Maria Virgínia, coordenadora do Gabinete Central do III Congresso do MDM.
O III Congresso do MDM vai culminar com a eleição de um novo presidente e vai decorrer entre 03 e 05 de dezembro e o período de submissão de candidaturas termina no dia 30 deste mês.
O MDM está sem presidente desde a morte de Daviz Simango, em 22 de Fevereiro por complicações de saúde, na África do Sul.
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