“Isto está um caos, já nem sabemos o que fazer. Já gastei todo o dinheiro que tinha e nem sei como sobreviver” diz o camionista Aniceto Costa, na N4, a Estrada que liga Moçambique e África do Sul.
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O camião de Costa é um dos milhares, que desde domingo, fazem quilómetros de fila à espera de permissão para entrar no país vizinho. Há também viaturas particulares e mini-buses que transportam moçambicanos que, após a quadra festiva, pretendem retornar ao trabalho.
Atravessar a fronteira, processo rápido noutros tempos, virou um grande problema, e os utentes não estão satisfeitos com a atitude das autoridades, que atribuem a culpa à Covid-19.
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“Aqui estamos completamente abandonados, as nossas autoridades (moçambicanas) praticamente não nos ligam nenhuma” disse uma emigrante.
As autoridades moçambicanas dizem que o problema deve-se ao “lockdown” em vigor no país vizinho, que faz com que os serviços migratórios estejam a meio gás. A medida visa conter a propagação do novo coronavirus, que causa a Covid-19.
“O problema tem a ver com a situação que se vive na África do Sul. Já nos tinham comunicado que estariam em ‘lockdown’ das 6 as 9 horas, e os serviços estariam nesse momento fechados e isso é que está a gerar o problema,” disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Manuel Gonçalves.
Testes da Covid-19
Mas no terreno, há outro problema. As autoridades migratórias sul-africanas recusam a entrada de moçambicanos que apresentem os chamados testes rápidos da Covid - 19, que são a principal prova do estado de saúde da maioria dos milhares ali retidos.
Nesta quinta-feira, as autoridades de saúde em Moçambique decidiram retaliar e também já não aceitam testes rápidos do país vizinho.
“É uma acção recíproca. Já que os nossos testes rápidos não são aceites por eles, nós também não aceitamos os deles. A partir de agora só usamos os testes PCR” explicou Yolanda Tchamo, directora dos Serviços Provinciais de Saúde de Maputo.
Os moçambicanos que atravessam a fronteira para o vizinho são em maior número.
Apesar destes embaraços, Maputo e Pretória dizem que as relações diplomáticas são óptimas.
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