O Presidente brasileiro afirmou nesta terça-feira, ao discursar na abertura da Asembleia-Geral das Nações Unidas que o processo de impugnação que culminou no afastamento de Dilma Rousseff da Presidência "transcorreu dentro do mais absoluto respeito à ordem constitucional".
Michel Temer comentou o processo quase ao final do seu discurso de 20 minutos na tribuna da ONU, como é tradicional.
"O Brasil acaba de atravessar processo longo e complexo, regrado e conduzido pelo Congresso Nacional e pela Suprema Corte brasileira, que culminou num impedimento. Tudo transcorreu dentro do mais absoluto respeito à ordem constitucional", defendeu o Presidente, reiterando não haver democracia sem regras que se apliquem a todos, inclusive "aos mais poderosos".
"É o que o Brasil mostra ao mundo. E o faz em meio a um processo de depuração do seu sistema político", realçou Michel Temer que defendeu que o país tem "um Judiciário independente, um Ministério Público actuante e órgãos do Executivo e do Legislativo que cumprem seu dever".
Segundo ele, no Brasil, não prevalecem "vontades isoladas", e sim "a força das instituições".
Temer destacou ainda que, na avaliação dele, as mudanças recentes no país se deram sob "olhar atento de uma sociedade plural e de uma imprensa inteiramente livre".
"Nossa tarefa, agora, é retomar o crescimento económico e restituir aos trabalhadores brasileiros milhões de empregos perdidos. Temos clareza sobre o caminho a seguir: o caminho da responsabilidade fiscal e da responsabilidade social", concluiu o Temer
Boicote silencioso
No momento em que o Presidente brasileiro subia à tribuna da ONU para discursar, os representares da Venezuela e do Equador se levantaram e deixaram o plenário, enquanto a maioria dos integrantes da delegação da Costa Rica também abandonou a sala quando Temer se preparava para discursar.
Os diplomatas da Bolívia e de Cuba haviam se retirado do plenário um pouco antes e regressaram apenas depois do Presidente brasileiro terminar o seu discurso.