“O caçador de elefantes invisíveis” é o mais recente título do escritor moçambicano Mia Couto e marca o seu regresso aos contos.
A obra foi lançadas na quarta-feira, 14, na Fundação Fernando Leite Couto, em Maputo.
O novo livro surgiu a partir das crónicas publicadas por Couto durante mais de dois anos na revista portuguesa “Visão”.
O escritor fez uma selecção e reescreveu-as na forma de contos, retratando vários momentos do dia-a-dia dos moçambicanos, sem se furtar a comentar alguns temas que marcam a actualidade do país.
Do processo de retrabalhar as pequenas prosas resultou marcantes narrativas que cobrem a actualidade do nosso mundo e vão desde a pandemia ao drama da guerra em Cabo Delgado, a descrever peripécias que poderiam ter acontecido numa vila, no interior de uma reserva florestal ou num bairro qualquer de Moçambique.
A solidão vivida por Mia Couto durante a pandemia também o inspirou na produção desta obra literária.
No lançamento da obra, ele explicou que ela é dedicada “às pessoas que me fazem pensar que Moçambique é feito de pequenas histórias, de gente que não quer ficar na invisibilidade, que, todos os dias, quando têm de ir para casa, entram num my love, num chapa e correm o risco de não ter outro destino se não for essa invisibilidade. Portanto, as histórias são feitas para render esse espaço de visibilidade a essas pessoas”.
Os jornalistas Elcídio Pila e José dos Remédios, que apresentaram a obra, destacaram que os 26 contos que integram o livro de 172 páginas inscrevem-se no modo poético com que Mia Couto habituou os leitores a olhar o mundo e a humanidade,
“Estamos a falar da pandemia, da situação de Cabo Delgado, destas marchas de destruição de estatuas que se acredita que serviram a um determinado momento e que já não é o momento que nós estamos a viver, nesta ideia de reposição de heróis e de condenação do passado vivido. É o Mia a apontar a ideia de que sim, talvez seja possível pegar a realidade em flagrante”, sublinhou Pila.
A ilustração da capa é da autoria de Susa Monteiro, a mesma que ilustrou os contos originais na revista "Visão".