“Se gostas de fazer alguma coisa, persista. As coisas não são fáceis, sobretudo num sítio onde não nascemos,” diz, ao telefone, o saxofonista.
A frase tem muito a ver com o seu percurso iniciado em Inhambane, Sul de Moçambique, onde o seu pai era regente de uma orquestra municipal, antes da independência.
Seguir a música não foi necessariamente uma opção, recorda Otis. O seu pai determinou. Mas manter a linha que abraça – mescla de soul, jazz e ritmos africanos – foi sua escolha.
“Não alinhei muito nas mudanças. Tentei ser eu com a minha música, coerente com o que quero,” conta o artista que aprendeu a soprar e a ler música com o pai também sax-soprano, na década de 1960.
Em Maputo, a capital de Moçambique, onde chegou com apenas 16 anos de idade, fez parte de legendárias formações, como o Grupo Experimental Nº 1 e o RM. Adolescente, partilhou palcos com figuras experientes como Alexandre Langa, João Paulo, Pedro Ben, entre outros.
Pelo caminho, Otis largou um curso comercial. A intensa actividade musical, diz, não permitiu.
Em 1985, Otis recebeu uma passagem das mãos do empresário musical moçambicano Alex Barbosa. Na sua bagagem, o objecto mais importante era um saxofone, também oferta de Barbosa. Fixa-se em Lisboa e em três meses já tocava em cabarés como o Ritz Club.
Passados cerca de dez anos, em 1994, saiu o seu primeiro disco, Influências. Outros sete seguiram, sinal de aceitação.
Entre trabalhos e exibições individuais, Otis colaborou durante mais de dez anos com estrelas portuguesas como Roberto Leal, Paulo de Carvalho, Dulce Pontes, Miguel e André. Colabora igualmente com artistas africanos como Mariza, Tito Paris e Bonga.
Acompanhe a entrevista:
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