A Frelimo, partido no poder em Moçambique, vai, dentro de dias, desencadear o processo de apuramento de candidatos para a sucessão de Filipe Nyusi na sua liderança, que também ira às eleições presidenciais de 2024, um exercício que, segundo analistas políticos, se antevê bastante difícil, por conta da crise interna que enfrenta.
O Secretário-Geral da Frelimo, Roque Silva, foi quem fez o anúncio, face à críticas ao alegado secretismo do Partido relativamente ao seu candidato presidencial, quando faltam 10 meses para a realização das eleições.
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Silva não avançou quaisquer nomes, mas na praça apontam-se Graça Machel, José Pacheco, Eduardo Mulembwe, Alberto Vaquina, Luísa Diogo, Aires Aly e Basílio Monteiro, entre outros, como sendo alguns dos candidatos à sucessão de Filipe Nyusi, que este ano cumpre o seu segundo e último mandato como chefe de Estado.
Roque Silva afirmou que qualquer membro da Frelimo é candidato desde que esteja dentro daquilo que são os princípios consagrados na diretiva partidária, explicando que candidatos concretos sairão dum exercício que a Frelimo vai começar a desencadear dentro de dias.
Ele referiu que o candidato da Frelimo às eleições presidenciais será conhecido em Março, quando se realizar a sessão do Comitê Central, órgão deliberativo do Partido, entre congressos.
Crise agravada
‘’Este vai ser um processo difícil e que poderá agravar a crise que a Frelimo está a enfrentar neste momento, em que alguns dos seus principais quadros praticamente bateram com a porta, por não concordarem com algumas práticas do Partido, tal como se viu após as eleições autárquicas do ano passado’’, afirmou o analista político Custódio Dias.
Contudo, Constantino Marrengula, economista e analista político, considera que o problema não tem a ver apenas com a crise interna, “o momento também não é bom para a Frelimo como Partido no poder, a situação económica não ajuda’’.
Anotou que a economia até tem crescido, mas não está a conseguir resolver questões fundamentais como a redução da pobreza, o desemprego e a exclusão dos jovens, um conjunto de coisas que até podem ser percepções, mas que não podem ser desconsideradas’’.
Por seu turno, o jornalista e analista político Paul Fauvet diz que a escolha do candidato vai ter lugar num contexto político bastante conturbado para a Frelimo, resultante, entre outros fatores, do conflito em Cabo Delgado, que frisou, contribui para o desgaste do Governo.
Entretanto, Tomás Salomão, quadro sénior da Frelimo, defende que há mudanças que devem ser feitas ao nível do Partido e o analista Calton Cadeado está de acordo, sublinhando que isso deve ser feito com urgência, porque de contrário, a Frelimo poderá ficar parada no tempo.
De referir que Roque Silva nega que a Frelimo esteja em crise e diz que está a preparar-se para ganhar as próximas eleições presidenciais, legislativas e para governadores provinciais.