Mulheres moçambicanas quebram a tradição e o mito de que trabalhar debaixo da terra nas minas da Africa do Sul e apenas uma actvidade exclusiva dos homens.
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Julieta Massingue, Angélica Mboane e Segelina Chelengo quebraram a tradição e trabalham nas minas de outro do Sibanye Gold há mais de cinco anos.
África do Sul e Moçambique assinaram um acordo para o fornecimento de mão-de-obra do sexo masculino às minas em 1909, tendo sido revisto 55 anos depois, mas já em 1886, os moçambicanos trabalhavam nas minas após a descoberta do ouro na Africa do Sul.
As três chamadas “meninas de ouro” transformaram-se em toupeiras em substituição dos seus respectivos pais que morreram em acidentes de trabalho nas minas de ouro e como não tinham irmãos adultos assumiram o camando para continuarem a sustentar as suas famílias.
Julieta Massingue descreveu a sua profissão nos seguintes termos “já estou a trabalhar na mina há seis anos como electricista que arranja makalanyane (comboio) que transporta chitofo (pedra bruta), cabos de elevador e motobombas para evitar cheias na mina”.
O mesmo tipo de trabalho é executado por Angélica Mboane na mina de Cooke Three Shaft, do SibanyeGold.
Julieta e Angélica são electricistas debaixo da terra em companhias mineiras diferentes.
Segelina é maquinista de comboio que transporta pedra bruta para processamento de ouro na mina.
As três meninas reconhecem que o trabalho debaixo da terra não é seguro, sobretudo se tiverem em conta que os seus respectivos pais foram vítimas de acidentes de trabalho, mas dizem que não tem alternativa.
“Tive medo nos primeiros dias, mas agora não”, recorda Angélica Mboane.
Para Julieta Massingue a vida é pouco complicada nestes dias. “Na mina não há nenhum sitio seguro. O meu pai tinha vários anos a trabalhar, mas um dia morreu num acidente”, conta.
Segelina diz em Changana que necessita dinheiro e não tem outra alternativa para obtê-lo.
Nenhuma das três e casada e todas não sabe ao certo quando e se vai mesmo casar, mas duas delas têm filhos.