A crise política na República Democrática do Congo está a ser acompanhada com muita preocupação pelas autoridades angolanas, frente à eventualidade de uma guerra civil que pode desestabilizar ainda mais a região.
Na semana passada, Angola retirou o seu embaixador e funcionários da missão diplomática em Kinshasa por motivos de segurança.
Frente à situação actual, especialistas advertem para uma eventual onda de refugiados congoleses em Angola, ao mesmo tempo que o Presidente José Eduardo dos Santos é chamado a desempenhar um papel importante para se encontrar uma saída.
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A retirada do embaixador e pessoal diplomático angolano de Kinshasa é aceite nos meios políticos e académicos de Angola por ser de prevenção frente à insegurança e violência crescentes na vizinha República Democrática do Congo.
Tanto o docente universitário de Relações Económicas Internacionais, Osvaldo Mboco, como o especialista em política internacional Frederico Baptista, são de opinião que “foi uma medida normal, que acontece em situações do tipo e que não resulta de qualquer ameaça a Angola”.
Entretanto para aqueles especialistas, a situação do país vizinho é preocupante porque pode desembocar numa guerra civil, com consequências para Angola.
Osvaldo Mboco aponta para “a chegada de refugiados, obrigando Angola a construir campos de refugiados, o que é temeroso para o povo angolano tendo em conta a situação económica preocupante que o país atravessa”.
Outra consequência de uma eventual guerra civil na República Democrática do Congo para Mboco, tem a ver com as “relações comerciais que poderão ser muito afectadas neste momento de crise”.
Como presidente da Conferência dos Grandes Lagos,vice-presidente da Comissão de Defesa e Segurança da SADC e membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas, Angola tem um papel a desempenhar nesta crise.
Kabila, "filho de Angola"
No entanto, o especialista em relações internacionais Frederico Baptista alerta que Joseph Kabila “é um filho de Angola, do qual tem recebido todo o apoio, e que qualquer acção não será bem vista pela oposição”.
Apesar dessa situação, Osvaldo Mboco defende a mediação de Angola “com apelo ao diálogo porque é a única saída para a situação actual na República Democrática do Congo.
Frederico Baptista também é de opinião que o Presidente angolano pode ter um papel importante para a saída desta crise.
“Precisamente devido à sua proximidade com Joseph Kabila, o Presidente José Eduardo dos Santos é chamado a desenvolver um papel de um player importante para o aconselhar a abandonar o poder dentro do limite constitucional e a cumprir os acordos que estão a ser conseguidos no âmbito do fórum que reúne diversos partidos no Congo, com vista às eleições”, conclui Baptista.
Refira-se que frente à crise política actual, as Nações Unidas pediram uma investigação independente que está a ser recusada pelo presidente Joseph Kabila.