O número de reclamações sobre a falta de humanização nos serviços prestados pela Maternidade Lucrécia Paím preocupa a Assembleia Nacional da República de Angola.
Your browser doesn’t support HTML5
A unidade sanitária assiste uma média 96 partos por dia, um número que duplica a sua real capacidade. Acresce-se a esta situação a escassez de recursos humanos disponíveis para fazer face à demanda nesta unidade hospitalar.
“Neste período do ano é o de grande alça de partos, nós temos uma média de 96 partos por dia. Tivemos um dia que foram 110 partos, este é record deste ano. Em anos anteriores nós tivemos 146 partos num dia. Em termos de capacidade para uma qualidade de assistência ao parto nós temos para 45 por dia, esta seria um número razoável para dar uma qualidade para assistência ao parto”, disse o Director Geral da Maternidade Central de Luanda sublinhando igualmente que o volume de partos assistidos pode dificultar na qualidade do serviço prestado.
O hospital tem sido alvo de muitas críticas. A maternidade tem registado vário, um dos casos mais polémicos foi a morte de uma parturiente que se lançou do sexto piso para baixo. Na altura, levantava-se a hipótese de se tratar de uma depressão pós-parto, mas o dado não foi apurado. Pelo que se sabe, até o momento as mortes naquela unidade sanitária não têm sido esclarecidas.
Preocupados com a situação, na Maternidade Central de Luanda, os deputados da 7ª e 10ª , afectos à Comissão de Saúde, Família, Infância, Juventude e Desportos, Antigos Combatentes e Acção Social, realizaram a 03 de Junho uma visita de constatação à Maternidade Lucrécia Paim. Os parlamentares percorreram vários compartimentos da maternidade, nomeadamente a sala de partos, o Banco de Urgências e 6º piso. Para a apurar o grau de funcionamento daquela unidade hospitalar e certificar a aplicação da dotação financeira cabimentadas no Orçamento Geral do Estado.
Os maus tratos dos utentes para além do tratamento que é dado as mulheres vítimas de abuso sexual, o estado técnico dos laboratórios entre outros foram algumas das questões mais evocadas.
“Uma mulher que vem aqui, num momento nobre da sua vida, para dar vida, encontra outras mulheres, porque a maior parte do pessoal que trabalha aqui até são mulheres e são elas mesmo a maltratarem. A falta de humanidade no tratamento das parturientes. Isto é rela e são as coisas que também nos chegam aos ouvidos e acredito que isto não tem a ver com o défice orçamental”, disseram os parlamentares que sublinharam o facto do assunto não se resumir apenas à maternidade Lucrécia Paím.
O Director Geral da maternidade em causa, Abreu Pecamena, disse ter conhecimento das reclamações sobre o deficiente serviço prestado pela unidade sanitária, pelo que informou aos deputados sobre a implementação de serviços adicionais por formas a pôr cobro a tal situação.
O responsável aponta vários factores que concorrem para tal questão entre os quais a pressão assistencial, já que o número de pacientes atendidas ultrapassa as capacidades do hospital em termos de recursos humanos.
Para responder a necessidade de humanização o Director Geral indicou a realização de palestras para os funcionários e utentes para além do tratamento que é dado aos que maltratam os pacientes.
“É verdade que na maternidade temos tido problemas, vemos nas redes sociais. A maternidade tem técnicos excepcionais, é verdade sempre, num saco uma batata pobre o odor vai contaminar a todos. Neste momento temos uma bata e estamos contaminados. Eu agradeço a população por dizerem a verdade, mas tem de ser num fórum próprio”explicou o responsável que apelou por outro lado a participação directa dos utentes.
“A população não é clara, não quer dizer a verdade, quando chegamos e perguntamos quem é o prevaricador...Por outro lado a população tem que ser mais cooperativa”, disse.
A presidente da 7ª Comissão da Assembleia Nacional, Irene Neto, disse no fim da reunião que foram tomadas notas importantes sobre o funcionamento do hospital, pelo que foram constadas diversas dificuldades que cabem ao Executivo resolver.
A deputada explicou que parte destas dificuldades resulta da diminuição da alocação dos recursos financeiros.
“Foram constatados vários problemas que cabem ao Executivo resolver”, disse a parlamentar, acrescentando que a questão fundamental prende-se com as reclamações feitas pelos utentes, sobretudo na área de obstetrícia, sala de partos, a nível das consultas, mas também com outras áreas que têm a ver com o laboratório, o seu apetrechamento, a central de gases e a central de esterilização que são áreas fundamentais para um bom serviço que tem áreas de cirurgia e de atendimento à doentes das áreas quer de obstetrícia, quer de ginecologia, como também de área de neonatologia que é uma aérea específica e técnica que necessidade de muitos recursos” explicou.