A aldeia piscatória de Tarrafal de Monte Trigo, na ilha cabo-verdiana de Santo Antão, foi destaque há alguns anos ao transformar-se no primeira localidade com energia 100 por cento renovável.
Agora, como acontece anualmente nesta época, a notícia não é boa, com a água do mar a invadir a aldeia e a obrigar os prescadores a guardarem os botes e a fugirem das suas casas para os lugares altos.
Um muro de protecção, prometido pelas autoridades há mais de sete anos, continua no esboço dos decisores.
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A aldeia que era acessível quase que apenas pelo mar, passou a viver dias bem melhores após a construção no ano passado de uma estrada de acesso ao município do Porto Novo, o que permitiu também a chegada de muitos visitantes que procuram Tarrafal de Monte Trigo pela sua linda baía.
A energia renovável é outro cartão postal.
Entretanto, de Dezembro a Abril de cada ano, a principal actividade, a pesca, e a segurança das pessoas são ameaçadas pelo fustigar do mar que aldeia adentro leva pescadores a retirarem os botes do mar e os moradores a procurarem lugares mais altos.
“Este mar está muito agitado, a situação é muito complicada, põe em causa a faina da pesca e a segurança das pessoas”, afirma Izaires Pires, presidente da Assciação de Pescadores do Tarrafal de Monte Trigo, que lamenta que o Governo esteja a falar de um muro de protecção há anos, mas sem qualquer medida nesse sentido.
“Há sete anos ou mais que o Governo (anterior e actual) fala nesse muro de protecção, que vai fazer um projecto, sei que não é fácil, mas as pessoas estão em risco e peço ao Governo para ter um pouco de atenção e tentar resolver essa situação, que se repete todos os anos”, reforça Pires na conversa com a VOA.
Em declarações à imprensa, o ministro da Economia Marítima, Paulo Veiga, vai avançar com um estudo no sentido de impedir a invasão do mar, mas lembrou que há situações similares noutras regiões do país.