Moçambique está a erguer a maior ponte do país, ligando a cidade de Maputo e Catembe, mas as familias desalojadas para dar lugar ao empreendimento têm outro nome: A ponte da desgraça.
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"Praticamente fomos esquecidos. Vieram nos deixar aqui sem nenhum recurso", diz Margarida Zeca, uma das pessoas forçadas a mudar de residência por causa da construção da ponte sobre a Baía de maputo.
Tal como diz outro afectado, Titos Macia, as autoridades haviam prometido "uma zona que tem tudo...escolas, hospitais, e já limpo, mas não conseguiram fazer isso".
Apesar das promessas, mais de 100 famílias foram transferidas do bairro da Malanga para Mahoche, a 100 quilómetros. As obras da ponte financiada pelo governo chinês estão em curso.
Em Mahoche falta absolutamente tudo. Não há escola, não há transporte público, não há energia. As crianças deixaram de estudar e alguns adultos já não trabalham.
Para ter acesso aos serviços de saúde, de Mahoche é preciso percorrer entre quatro a cinco quilómetros. Chegado ao local, as condições são exíguas, o que é mais complicado para as mulheres grávidas.
"A unidade sanitária não tem água", denuncia uma das reassentadas.
A Comissão Nacional de Direitos Humanos visitou o local de reassentamento e não tem dúvidas que há violação dos direitos básicos.
"Há direitos humanos colocados em causa", diz Custódio Duma, Presidente daquele organismo, que promete "procurar saber as razões".
Duma acrescenta que "pareceu-nos que primeiro vieram as pessoas, e agora estão ser criadas as condições, o que contraria os regulamentos aprovados pelo Estado".
A Maputo Sul, empresa estatal responsável pelo processo de reassentamento, ainda não quis se pronunciar sobre a situação.