Em Cabo Verde, um Manual de Matemática para alunos do primeiro e segundo ano do ensino primário introduzido este ano está a provocar uma grande polémica.
Em causa, estão centenas de erros linguísticos e conceptuais que o livro contém, o que, para muitos, coloca em causa o ensino das novas gerações.
Enquanto pais e professores pedem a retirada daquele e de outros através de uma petição pública, os partidos da oposição querem levar a ministra do Parlamento que, no entanto, defende a manutenção dos livros.
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Numa primeira reacção, a Directora Nacional da Educação, Adriana Mendonça, justificou o manual e disse que apenas continha alguns erros e gralhas.
A UCID, terceiro partido com assento parlamentar, pediu a demissão de Mendonça.
Dora Pires, deputada e professora universitária, afirmou que ter 260 erros não e normal e pediu também a retirada do manual.
“Cerca de 260 erros não é normal e nós da UCID exigimos mesmo que os manuais sejam retirados”, referiu.
Ministra no Parlamento
O PAICV, principal partido da oposição, exigiu a presença da ministra da Educação, Maritza Rosabal, no Parlamento para justificar o uso do manual.
O vice-presidente daquele partido, Nuias Silva responsabilizou a Directora Nacional da Educação e pediu a retirada do livro.
“São erros gravíssimos, quer ao nível conceptual, quer ao nível dos conteúdos, que não são passíveis de emenda com simples erratas”, disse, acrescentando de que são erros de tal forma graves, que colocam o país numa situação “ridícula”.
Silva acrescentou que a “directora nacional foi e é implicada directamente neste caso”, por ter sido ela a responsável pela coordenação geral do manual.
Nas redes sociais as críticas não param, com a publicação de partes do manual e uma petição a exigir a retirada do manual de circulação foi posta a circular nesta terça-feira.
Governo mantém manuais
Entretanto, a ministra da Educação, Maritza Rozabal, defendeu a manutenção do manual, bem como de outros que estão em fase de revisão.
"Temos uma série de manuais que estão em vigor, que foram produzidos anteriormente, que tem imensos erros e que estamos a tratar institucionalmente. Fizemos erratas. Todos os manuais que estavam em vigor tinham graves problemas de conteúdo, de tratamento, de gralhas ortográficas. A equipa assumiu os erros e está a trabalhar com isso", sustentou Rozabal, reiterando que os livros não sairão da circulação.
Ao falar à margem da abertura do ano lectivo na Universidade de Cabo Verde (pública), a ministra acrescentou que os manuais “estão disponíveis para consultas e depois de corrigidos, a impressão definitiva decorrerá entre Março e Setembro do próximo ano”.
O MpD, partido no poder, através do seu secretário-geral Miguel Monteiro apoiou a decisão da ministra.
Posição contrária tem Cintia Barros, da Academia de Estudantes da Universidade de Cabo Verde, que defendeu a “retirada dos manuais” se têm erros que podem colocar em causa o ensino.
Uma marcha para pedir a retirada do manual foi já convocada para a sexta-feira, 6, na capital, devendo, no entanto, acontecer também noutras ilhas.