"Manifestantes" que pediram desculpas foram comprados, dizem activistas angolanos

Administrador de Viana nega qualquer envolvimento na "compra" dos activistas

A manifestação prevista para Luanda e cancelada no sábado, 26, por um grupo de jovens que pediu desculpas ao Presidente da República, continua a dar que falar em Angola.

Alguns dos activistas do conhecido grupo de 17 revús presos em 2015 considera que aqueles que participaram na conferência de imprensa não são activistas mas sim mercenários que negociaram a manifestação a troco de milhões de kwanzas.

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Controvérsia em redor de activistas que pediram desculpa - 3:01

O comprador, acusam eles, "é o MPLA", mas o administrador de Viana que também é mencionado como aliciador desmente categoricamente a acusaçāo.

O activista cívico do Moxico, Nelson Euclides, considera que estes jovens que negociaram a manifestação não são dignos de serem chamados activistas, sāo “negociadores que se aproveitam do activismo para benefício próprio".

"Quem compra não compra as dores, se não quem governa já teria resolvido todos os problemas”, disse, afirmando ainda que “quem tem interesse em comprar uma manifestação é quem governa, é o MPLA e o estranho é a rapidez com que o Presidente agradeceu a venda da manifestaçāo”.

“O Presidente da República aceita desculpas compradas, então questionamos a seriedade do combate à corrupção", acrescentou Euclides.

O também activista Hitler Samussuku apela à Procuradoria-Geral da República que investigue os que considera serem os mandantes de comprar manifestações.

"Como é possível alguém dizer que está a combater a corrupção, ao mesmo tempo, manda aliciar com 10 milhões de kwnzas jovens para cancelar uma manifestação?”, interrogou-se, dizendo que há dois nomes divulgados que devias ser investigados.

Nuno Álvaro Dala, também ele integrando do grupo dos 17 afirmou que não vai permitir que alguns brinquem com a seriedade de outros

"Não podemos admitir que uma dúzia de indivíduos brinquem com a sensibilidade de outrem”, reiterou, lembrando que "pessoas perderam a vida em manifestações, pessoas foram violentadas, presas, etc, e um grupo de malabaristas vem desrespeitar isso".


"Esses rapazes bem identificados reagiram e propuseram o valor de 10 milhões de kwnzas, pelos administradores, de município, de distrito, comuna e até a nível provincial, são os aliciadores dos jovens e isto é corrupção activa", acrescentou.

A VOA tentou ouvir a versão do primeiro secretário de Luanda do MPLA mas sem sucesso, no entanto, o administrador de Viana, Manuel Pimentel, negou qualquer envolvimento.

"Eu não tenho capacidade nem dinheiro para aliciar estes jovens e nem concordo com isso, porque estas politicas para mim só estragam os jovens”, disse, concluindo que "com os jovens conversa-se".