O jornalista moçambicano Amade Abubacar, detido em Cabo Delgado, está a ser maltratado, o que inclui falta de alimentação, interdição de visitas e recusa de tratamento médico.
A denúncia é feita pela Amnistia Internacional (AI), que, em comunicado, diz ter recebido informação credível dando conta da precariedade da situação do jornalista, detido por fotografar vítimas dos ataques de grupos armados em Cabo Delgado, a 5 de Janeiro.
Com base na informação que obteve, a AI acredita que Abubacar está em “péssimas condições na detenção e pede a sua libertação imediata e incondicional”.
Mais do que isso, a AI defende um acompanhamento adequado da situação daquele jornalista da Rádio Comunitária Nacedje, propriedade do Instituto de Comunicação Social, uma instituição do estado moçambicano.
“As alegações de que Amade Abubacar está a ser maltratado e negado tratamento médico devem ser investigadas completa e transparente, e todos os suspeitos dessas acções devem ser criminalmente responsabilizados”, diz Deprose Muchena, director da AI para África Austral.
Risco de vida
Muchena, que diz que o jornalista “é prisioneiro de consciência”, pede às autoridades moçambicanas que o “acusem de um crime reconhecível".
A AI considera a detenção de Abubacar uma grosseira violação da liberdade de imprensa em Moçambique.
Fontes da AI informam que Abubacar está numa cela lotada numa prisão de Pemba, capital de Cabo Delgado.
Além de não receber visitas, consta que o jornalista, saudável na altura da detenção, viu a sua saúde deteriorada.
“Tememos que a saúde de Amade esteja agora em situação crítica e a sua vida possa estar em risco”, diz Muchena
Além da AI, várias organizações já pediram a libertação do jornalista.
A 25 de Janeiro, ele foi visitado por representantes da Ordem dos Advogados de Moçambique e seu advogado, mas os oficiais prisionais não permitiram conversas privadas.
Mesmo assim, o jornalista denunciou que era abusado por militares, que o forçavam a dormir algemado.