Mais um acordo de paz à vista em Moçambique: leituras diferentes

Filipe Nyusi e Ossufo Momade prometem assinar documento em Agosto

Um dia depois de o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, na oposição, Ossufo Momade, terem anunciado a assinatura de um Acordo de Paz defintivo para Agosto, analistas divergem quanto ao entendimento alcançado em Chimoio, na província central de Manica.

O entendimento foi alcançado em Chimoio, na província de Manica.

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Mais um acordo de paz à vista em Moçambique: leituras diferentes

O analista Job Fazenda diz ser necessário dar uma nota positiva ao líder da Renamo, Ossufo Momade, porque está a reagir positivamente à questão da paz definitiva em Moçambique.

Fazenda destacou que "quando as partes estiverem a negociar, devem estar munidas de boa fé, e eu fiquei com a sensação de que a contraparte da Renamo está ganhando ou está a começar a ganhar consciência disso, o que, de alguma maneira, inspira confiança ou algum voto de confiança por parte dos moçambicanos".

Ao nível da própria Renamo, a desmilitarização do braço armado do partido é tida como uma questão crucial, tal como referiu Filomena Fontes, membro desta formação política, sublinhando que "nós devemos votar pela Renamo na política e não Renamo na guerra".

Contudo, Yaqub Sibindy, presidente do Partido Independente de Moçambique (PIMO), sobrinho de Afonso Dhlakama, não vê com bons olhos os entendimentos de Chimoio, porque, no seu entender, Ossufo Momade se apresentou no encontro numa posição enfraquecida, tal como estava o antigo líder da UNITA, de Angola, quando assinou o acordo de Luena, em Abril de 2002.

"O comportamento do Chefe de Estado em encontros com Afonso Dhlakama é diferente do comportamento dele com o actual líder da Renamo, que neste caso foi à reunião com Filipe Nusi apenas para receber ordens para desmilitarizar a Renamo", considerou Yaqub Sibindy.

Ele lamentou o facto de no encontro de Chimoio Ossufo Momade não ter levantado a questão das "irregularidades registadas durante o recenseamento eleitoral, que ele havia denunciado numa recente teleconferência".

Entretanto, a União Europeia, segundo o seu embaixador, António Gaspar, anunciou que vai mobilizar cerca de 50 milhões de dólares, para apoiar o processo de desmilitarização da Renamo.