Magazine Cultural - Tão Longe é Aqui

Movie poster - "Tão Longe é Aqui"

No magazine cultural desta semana, a Voz da América entrevista Eliza Capai, autora do filme “Tão Longe é Aqui”, baseado em sua viagem por Marrocos, Cabo Verde, Mali, Etiópia e África do Sul. Ela conta sobre as peculiaridades e diferenças culturais das mulheres de cada país.
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Magazine Cultural - Tão Longe É Aqui


Descobrir as suas raízes culturais e quebrar estereótipos. Estes foram os motivos que levaram Eliza Capai a percorrer o continente africano durante 7 meses e a contar a história de mulheres comuns, e ao mesmo tempo extraordinárias, como ela. Da viagem surgiu o filme “Tão Longe É Aqui”, em que a protagonista envia uma carta ao futuro, falando à sua filha sobre essa jornada através de cinco países e culturas distintas.

Conversando com a Voz da América, Eliza afirma que há no Brasil uma generalização e um juízo preconcebido a respeito do que é a mulher africana, o que a fez escolher países tão diferentes.

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Eliza Capai - "Acho que todo mundo via uma mulher negra, um "estereotião" do que é a mulher africana

A viagem começou no Marrocos pela proximidade com a Europa. Na chamada “África Branca”, o choque cultural foi imediato. A religião muçulmana influencia em grande parte os hábitos e a cultura do país. Como conta em seu blog, a ausência de mulheres em bares chamou a atenção de Eliza. Outro aspecto peculiar das mulheres marroquinas foi o uso ao mesmo tempo de véus cobrindo os cabelos e o corpo e sapatos de salto alto. Ela conta que teve dificuldade em compreender aspectos da cultura islâmica, como a poligamia:

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Eliza Capai - "A gente vive num mundo um tanto quanto islamofóbico"

A seguir, Cabo Verde. As origens do arquipélago intrigaram Eliza:

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Eliza Capai - "...esse país que surge para abastecer de escravos o país onde eu nasci"

Em Cabo Verde, ela sentiu-se em casa. As semelhanças entre as culturas caboverdeana e brasileira são várias.

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Eliza Capai - "...lá existem, assim como no Brasil, várias matizes de cor..."

Porém, Capai percebeu que não são apenas características positivas que Cabo Verde compartilha com o Brasil. Ela diz que essas peculiaridades, que ela chamou de “muito tristes”, têm origem na influência europeia sobre as duas nações.

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Eliza Capai - "...muitas pessoas não se sentiam africanas em Cabo Verde"

Após Cabo Verde, Eliza Capai rumou para o Pays Dogon, no Mali, uma das regiões mais pobres do mundo. Novamente, Capai teve dificuldade em compreender sem julgar uma cultura tão diferente da dela, em particular a opressão feminina. A prática da mutilação feminina, em especial, trouxe problemas para Eliza.

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Eliza Capai - "...é muito fácil pra culturas distantes chegar lá e fazer um juízo de certo e errado"

Porém, ela afirma que mesmo em práticas de difícil compreensão, como a poligamia, há pontos positivos.

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Eliza Capai - "...pra muitas pode ser interessante a poligamia, porque ela vai ter menos trabalho"

A Etiópia foi o quarto destino de Eliza. O fato do país não ter sido colonizado pela Europa foi a razão da viagem. Contudo, essa mesma falta de influência europeia fez com que a distância entre a sua cultura e a etíope fosse tão larga que Capai não conseguiu expressá-la em palavras.

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Eliza Capai - "...eu utilizei essas imagens da Etiópia... pra explicar essa parte da incompreensão"

Ao invés disso, a Etiópia entra como um sonho, uma fantasia, no filme. As cenas, de mulheres usando pulseiras de relógio como colares e botões de camisas como brincos, e de rituais onde homens e mulheres, por vontade própria, levam chibatadas até sangrar, parecem realmente fora da realidade, ao menos para uma visão tão acostumada com a cultura ocidental.

O último país a ser visitado foi a África do Sul. Em 2010, o ano da viagem, a Copa de Mundo de futebol aconteceria nesse país. Aproveitando o fato, a jornalista lançou a ideia, que mais tarde geraria o filme, de mostrar a diversidade africana para um canal de televisão brasileiro, que gostou e custeou a viagem. Mas o evento não foi o único motivo da escolha do país. Faltava mostrar a parte da África de maior influência europeia.

Essa influência, afirma Capai, levaria ao Apartheid, uma das maiores perversões da humanidade.

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Eliza Capai "...ali eu senti o pior do ocidental corporificado"

Ao término do filme, com a experiência de tantas culturas distintas, e muitas vezes incompreensíveis, Eliza Capai faz uma reflexão, suscitada em conversa com a socióloga maliana Awa Meité. Há problemas em todas as sociedades. Ao mesmo tempo em que há maior liberdade e autonomia para as mulheres em culturas ocidentais, a beligerância com o sexo masculino e a desintegração do núcleo familiar são mais acentuados, o que não ocorre em muitas culturas africanas.

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Eliza Capai - "...cada sociedade tem que fazer a sua própria análise"




Ficha técnica da música usada na matéria:
Título: Mama
Cantora: Omagugu Makhathini
Composição, arranjo e letra: Nduduzo Makhathini
Editora: Gundu Entertainment