O líder da autoproclamada Junta Militar da Renamo, Mariano Nhongo, revelou nesta segunda-feira, 26 o sequestro de dois membros do grupo dissidente na Gorongosa (Sofala), no domingo, 25, no dia que iniciou a trégua de sete dias para abrir caminho para o diálogo com o governo anunciada pelo Presidente Filipe Nyusi.
Entretanto, Nhongo admitiu criar um corredor de diálogo com Maputo.
“Ontem (domingo) aqui na Gorongosa, dois homens foram sequestrados, e hoje é que vamos negociar, isso não está certo”, revelou Mariano Nhongo à VOA.
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No sábado, o Presidente moçambicano anunciou que a partir de ontem o Governo iria suspender qualquer investida contra membros da autodenominada Junta Militar da Renamo por um período de uma semana como forma de abrir caminho para um diálogo com o grupo dissidente do principal partido da oposição.
Mariano Nhongo garantiu que vai criar uma espécie de um corredor de diálogo com o Governo, se a intenção deste for “realmente honesta” de pacificar o país, particularmente a região centro de Moçambique, que voltou a ser assolado por ataques em estradas e aldeias desde agosto de 2019.
Para o líder dissedente, o Governo devia primeiro criar condições e ambiente de confiança, apropriados para o diálogo,e negociar o próprio cessar-fogo com o grupo, o que iria permitir medir as intenções das partes.
“Eu só enviarei homens para preparar as negociações se tiver certeza que a intenção da Frelimo (Governo) é verdadeira, se não for para sequestrar”, precisou, Mariano Nhongo, quem salientou que as anteriores negociações fracassaram devido às inverdades do Governo.
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Entretanto, Daviz Simango, presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) considerou “justa e correcta” a trégua unilateral decretada pelo Governo e, apelou à honestidade no diálogo entre as partes.
“Aguardamos com expectativa que o pPesidente da República ordene o ‘stop’ à perseguição da Junta Militar da Renamo, pois as Forças de Defesa e Segurança têm a obrigação de obedecer o comando do Chefe de Estado, por sinal o comandante em chefe das FDS”, disse Daviz Simango.
O líder do MDM acrescentou ser importante “acarinhar” a iniciativa da trégua, mas para o sucesso, “julgo sensato seguir termos de referências devidamente articulados para permitir o inicio de qualquer diálogo e evitar impor as mesmas condições que a Junta Militar da Renamo tem vindo a rejeitar”.
Em junho de 2019, após a eleição de Ossufo Momade, um grupo de guerrilheiros liderado por Mariano Nhongo incompatibilizaram-se com o substituto de Afonso Dhlakama e opuseram-se ao acordo de desmilitarização, desarmamento e reintegração assinado entre o Governo e a Renamo.
A autoproclamada Junta Militar da Renamo escreveu, na altura, uma carta ao Presidente Filipe Nyusi a pedir a renegociação do acordo e começou a realizar ataques na zona centro do país.
Alguns desses ataques foram assumidos por Nhongo e outros lhe foram atribuídos pelas autoridades policiais.
O grupo também recusa qualquer diálogo com o presidente da Renamo, a quem diz não reconhecer.