O líder da autoproclamada Junta Militar da Renamo, Mariano Nhongo, assegurou que vai continuar a defender as armas na posse do partido, no âmbito do Acordo Geral de Paz (AGP), até haver um consenso com o Governo para renegociar um novo acordo de paz.
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Mariano Nhongo defendeu esta posição no domingo, 9, em teleconferência com apoiantes do grupo dissidente da Renamo, na província moçambicana de Tete, onde ele diz manter algumas bases com guerrilheiros ativos.
“A (autoproclamada) Junta Militar surgiu para defender a democracia, os membros e para conservar as armas que é a defesa do partido” frisou Mariano Nhongo, interrompido várias vezes por aplausos de um grupo de apoiantes reunido no quintal supostamente de uma residência.
Veja Também Moçambique: Criança morta em mais um ataque armado em Sofala“O Governo disse entregam as armas, outros nossos irmãos (ex-guerrilheiros) já entregaram as armas, estão a brincar com a democracia, a Junta Militar não aceita isso”, defendeu Mariano Nhongo, que voltou a denunciar o cerco às suas bases reforçadas por forças estatais numa altura que decorre a desmobilização.
O líder dissidente revelou que a maioria dos ex-guerrilheiros que passaram a disponibilidade no âmbito do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) social em Junho, nas bases de Savane (Dondo) e Mangomonhe (Chibabava), continua a passar noite nas matas por temer a nova ameaça de sequestro e assassinato.
“A (autoproclamada) Junta Militar está a ver que a democracia continua ameaçada” insistiu Mariano Nhongo reiterando a necessidade de o Governo cultivar a tolerância e, confiança para o alcance de uma paz definitiva.
Não nos identificamos
Contatado pela VOA, André Magibire, secretário-geral da Renamo, sobre a actual filiação de Mariano Nhongo na Renamo e a sua autonomia para a guarda das armas do partido, respondeu que o líder dissidente é apenas alvo de contestação no seio do partido.
“O estatuto da Renamo não preconiza uma autoproclamada Junta Militar da Renamo”, respondeu André Magibire, adiantando que o líder dissidente se afastou do partido por livre vontade.
“Não estou a dizer que Mariano Nhongo continua ou não membro da Renamo, estou a dizer que Mariano Nhongo por livre e espontânea vontade criou a Junta Militar, um movimento com o qual, nós a Renamo, não nos identificamos”, concluiu Magibire.
A autoproclamada Junta Militar da Renamo contesta a liderança de Ossufo Momade na Renamo e quer renegociar o acordo geral de paz assinado há um ano, para uma reintegração que diz "digna" dos ex-guerrilheiros.