Lubango: Criminalidade tira sono aos residentes

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Uma das ruas da cidade do Lubango, Huíla, Angola

Polícia diz ter situação controlada, apesar do aumento de casos.

A morte de César, um mototaxista encontrado recentemente sem vida pelos seus familiares na casa mortuária do Hospital Central do Lubango, mais de 24 horas depois do seu desaparecimento, é uma das imagens da insegurança em muitos bairros da capital da Huíla.

César, que havia saído de casa na quinta-feira, 3, como nos outros dias para trabalhar, não mais voltou.

Para além de ter sido barbaramente assassinado, os atores do crime levaram consigo a motorizada recentemente adquirida.

Bernarda Francisca, prima da vítima, chocada com a ocorrência, revela-se assustada com a violência que tira o sono dos residentes do bairro da Lalula, nos arredores do Lubango, e pede ação do Estado.

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“Está a aumentar muito a delinquência. Estamos com medo e depois não há emprego para os nossos filhos, os nossos filhos correm o risco de crescer sem emprego e vão entrar na delinquência. O Governo tem que fazer alguma coisa, o tempo está cada vez pior é um inferno, estamos num beco sem saída”, afirma Francisca.

O líder religioso Gabriel Elavoko vive na zona da Caluva no interior do bairro Bula Matady e descreve um quadro preocupante de insegurança na comunidade, agravada com a ausência de iluminação pública, que segundo afirmou facilita a acção dos marginais.

“Conheço e convivo com a comunidade directamente, domino os problemas da área sobretudo a partir das 18, 18h20 já não é aconselhável estar na rua para evitar o pior”, diz Elavoko.

O sociólogo Manuel Gaspar entende que, quanto mais dificuldades sociais as famílias tiverem, maior será a tendência do aumento do crime que encontra amparo no alto custo de vida.

“Tal como o bem existe o mal também existe apesar da linha que os separa. Quando as pessoas têm dificuldades têm grandes necessidades por via daquilo que é normal, que é permitido, que é legal, que é constitucional, não conseguem e esta é a linha bem, optam pela linha do mal infelizmente. É aí onde nasce a questão da criminalidade do índice elevado da prostituição da burla, hoje estamos a falar dos ataques cibernéticos da marginalidade”, aponta Gaspar.

A polícia, apesar de admitir a ocorrência periódica de crimes de homicídio, ofensas corporais, roubos, furtos e outros, diz ter através dos seus órgãos operacionais a situação controlada, segundo o seu porta-voz na Huíla.

“O comando provincial tem como taxa criminal de 1,31 crimes por cada cem mil habitantes o destaque vai para o comando municipal (Lubango) que tem a taxa criminal de 0.13 crimes a cada 10 mil habitantes. Com este quadro considera-se a situação de segurança pública na província como calma”, garante Benedito Walter.

A província da Huíla tem mais de 3 milhões de habitantes, com mais de metade a residir na cidade do Lubango.