A empresária angolana Isabel dos Santos afirmou que a investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIC, na sigla em inglês) sobre o seu império financeiro e económico baseia-se em “documentos e informações falsos”.
O ICIC deu início neste domingo, 19, à publicação, em mais de 20 jornais de mais de 30 países, de uma série de reportagens sobre os negócios de Santos e do seu marido através do que chama empresas de fachada e ligações ao regime do pai, o antigo Presidente angolano José Eduardo dos Santos.
“Consórcio ICIJ recebeu fuga de informação das “autoridades angolanas “??!!”, escreveu Isabel dos Santos no Twitter, acrescentando ser “um ataque político em coordenação com o ‘Governo angolano’
Noutro texto, a empresária pergunta: “715 mil documentos lidos? Quem acredita nisso”.
E acrescenta: “Falam de ´esquema` e pedem para ler 715 mil documentos?? É preciso 715 mil documentos para provar um esquema? Exagero!! Pura invencionice.. pois no fim não dizem nada”.
Em mais de 10 posts na mesma rede social, a empresária começou, antes da investigação ter sido publicada em Portugal, por acusar o jornal português Expresso e a televisão SIC “de “racismo” e “preconceito”, “fazendo recordar a era das ‘colónias’ em que nenhum africano podia valer o mesmo que um ‘europeu’”.
Quanto à sua “fortuna”, ela disse que nasceu com o seu “carácter, inteligência, educação, capacidade de trabalho e perseverança”.
Noutro post questiona” “Os ‘leaks’ são autênticos? Quem sabe? Ninguém”.
Isabel dos Santos escreveu ainda que “o povo de Portugal é amigo do povo de Angola e não podemos deixar que ‘alguns’ interesses isolados ‘agitem’ a amizade e respeito que conseguimos conquistar e construir juntos”.
A filha do antigo Presidente angolano respondeu também a algumas denúncias feitas pelo ICIC, como por exemplo quanto ao desvio de 115 milhões de dólares da Sonangol.
“Não fiz desaparecer 115 milhões de Sonangol. Isso é mentira! (…) Sabem muito bem que houve um contrato de consultoria do projecto de reestruturação da Sonangol que foi feito o trabalho”.
A empresária garantiu ainda que “as empresas de Isabel dos Santos não foram pagas e não ganharam dinheiro na barragem de Caculo Cabeça, quem está a ganhar dinheirinho é Griner, Omatapalo e outras ´novas` empresas”.
Respostas à investigação
Na investigação que começou a divulgar hoje, o ICIC escreve que “através dos seus advogados nos Estados Unidos, Quinn Emanuel Urquhart & Sullivan, Isabel dos Santos e seu marido negaram irregularidades e disseram que não lucraram com conexões políticas”.
No Reino Unido, a Carter-Ruck, escritório de advocacia que representa o casal no país, disse que a empresária negou todas as irregularidades, incluindo quaisquer alegações de saques, fraudes, sobrepreço de contratos e outros desvíos.
O escritório acrescentou na resposta de 10 páginas que Santos não usou empresas offshore para evitar o pagamento de impostos, negou que qualquer de suas empresas tenha demitido funcionários e afirmou que os pagamentos em Dubai foram por serviços legítimos de consultoria encomendados e recebidos pela Sonangol.
Por seu lado, Sindika Dokolo, também negou o uso de offshores para evitar indevidamente a tributação e revelou que o casal foi vítima" de um ataque hacker e ainda que as questões do ICIJ podem ter sido baseadas em documentos forjados".