A cidade de Luanda, capital de Angola, acolhe, entre 13-19 deste mês, a I edição do Festival de Artes Infanto-juvenil, "Nzoji ya monandengue", com a particularidade de exibir o talento de crianças com necessidades especiais.
A expressão “Nzoji ya Monandengue”, na língua nacional Kimbundu, é traduzida para “sonho de criança”.
“Há muitos talentos nos bairros, periferias e cidades, mas com poucos espaços para se apresentarem. Eu senti esta dificuldade (...) por isso senti a necessidade de realizar este evento, explica Solanje Feijó, directora da Companhia de Artes Sol, que organiza o festival.
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Por outro lado, diz Feijó, “queremos que crianças que tenham alguma deficiência possam fazer parte do festival. Aliás, a prioridade é para elas. É nosso objectivo que estas crianças partilhem o palco com outras, porque nós as penalizamos muito”.
“Nós teríamos um país melhor se apostássemos neste processo de inclusão”, diz Feijó.
Feijó lamenta a falta de oportunidades para que as crianças possam ser elas mesmas e contribuir na construção do mosaico artístico-cultural nacional. “Este festival foi igualmente pensando tendo em conta os problemas que temos vivido nesta sociedade,” diz.
Ela acredita que “a arte é extremamente importante para o desenvolvimento social de um país. Estamos a viver uma insegurança e instabilidade terrível por causa de meliantes que querem a todo instante burlar, roubar, matar, mentir e destruir (...) tudo isto porque lhes faltou princípios desde tenra idade”.
Feijó, que é também actriz, sublinha que a sociedade “não tem noção de quantas pessoas o teatro retirou do mundo da delinquência, apesar da falta de aposta e de apoios aos fazedores de arte”.
Além da exibição de vários grupos, o festival "Nzoji ya Monandengue” vai homenagear a escritora Cremilda de Lima, pelos seus 57 anos dedicados à escrita de contos infantis.