O Presidente angolano pediu às autoridades sul-africanas que trabalhem juntamente com os seus homólogos angolanos na regularização da situação migratória dos cidadãos dos dois países em ambos territórios.
O pedido foi feito por João Lourenço na abertura das negociações entre as delegações dos dois Governos, no início da visita de Estado que ele realiza nesta quinta-feira, 12, a Pretória, na qual também apelou empresários sul-africanos a investirem em Angola.
Veja Também EUA querem Corredor do Lobito na rota do acesso à electricidadeNo ato, o Chefe de Estado sul-africano agradeceu ao seu homólogo angolano o esforço para a consolidação da paz na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e pediu o silenciamento das armas em toda a África, que descreveu como uma pré-condição necessária para a estabilidade, o crescimento económico e o desenvolvimento.
Lourenço pede investimentos sul-africanos
Ao discursar na Union Buildings, em Pretória, João Lourenço desafiou os dois governos "a desenharem formas e métodos eficazes que ajudem a agilizar a resolução não só deste problema, como no repatriamento de cidadãos em situação ilegal nos dois países e sobre a transferência de pessoas condenadas a penas privativas da liberdade".
Ele sublinhou que Angola tem "terras disponíveis, águas disponíveis e muita vontade de ver o investimento privado sul-africano a entrar no solo angolano em todos os domínios mais em particular na agricultura”.
Lourenço apontou o seu interesse nos setores da Educação uma vez que "a África do Sul tem universidades que estão colocadas nas melhores posições do ranking das melhores, quer do continente, quer do mundo".
Veja Também Líderes africanos em Pequim de olho em grandes empréstimos e investimentosA defesa e o setor automóvel também mereceram destaque na intervenção do Chefe de Estado angolano.
Ramaphosa quer silenciamento das armas
Por seu lado, o Presidente anfitrião elogiou “Angola pelo papel construtivo que desempenha como Presidente da Conferência Internacional sobre os Grandes Lagos, como Facilitador do Processo de Luanda e no Comité Presidencial Ad-Hoc para a República do Sudão” e reiterou que os dois governos devem continuar a aprofundar a colaboração para a “resolução do conflito no leste da RDC, da guerra civil no Sudão e da crise pós-eleitoral em Moçambique”.
“Enquanto países africanos, devemos estar na vanguarda da promoção da resolução pacífica de conflitos, especialmente numa altura em que está em causa o futuro do multilateralismo. A guerra de Israel contra o povo de Gaza e a guerra em curso entre a Rússia e a Ucrânia expuseram as limitações e fragilidades das instituições internacionais que permanecem não representativas e não reformadas”, afirmou Cyril Ramaphosa.
Ele também reiterou “o apelo para que a Carta das Nações Unidas seja respeitada e para que os princípios do direito internacional sejam respeitados e prometeu continuar a “trabalhar com a União Africana e outros países africanos para garantir que os temas de importância estratégica para África e para o Sul Global sejam destacadas”.
No campo económico, o Presidente sul-africano sublinhou que o aumento do comércio e do investimento entre o seu país e Angola “continua a ser um objetivo” e notou que cerca de 20 empresas sul-africanas estão presentes no país vizinho, “num esforço concertado para explorar oportunidades de investimento para além do setor petrolífero”.
Mercado africano proporciona desenvolvimento
Ramaphosa disse a Lourenço desejar que Angola e a África do Sul cooperem em estratégias e políticas na exploração dos minerais, que, segundo ele, “se tornará importante à medida que a procura global crescer por minerais fundamentais necessários à transição energética”.
O Presidente sul-africano considerou o Acordo Comercial Continental Africano como um catalisador para o crescimento económico inclusivo e sublinhou a necessidade de tirar partido do sistema de termos preferenciais fornecido aos signatários.
“À medida que Angola e a África do Sul se esforçam por acelerar o ritmo da industrialização, precisamos construir capacidades mutuamente complementares na produção e na agregação de valor dos produtos”, concluiu Cyril Ramaphosa.
Os dois governos devem assinar cinco acordos e avaliar 36 instrumentos jurídicos já existentes.
Dezenas de empresários dos dois países participam ainda hoje num fórum económico.