O lixo na capital angolana continua a ser a maior prova à capacidade de gestão do actual governador de Luanda, Graciano Domingos, que, na última semana, assinalou um ano de consulado.
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Após a paralisação das empresas de recolha de lixo, a situação tem vindo a piorar a cada dia que passa.
Em vários locais os citadinos confrontam-se com amontoados de lixo, o que põe em causa a saúde pública.
Os constrangimentos resultantes da deficiente gestão do saneamento da cidade de Luanda ultrapassam as questões de saúde pública e estão a resvalar para outras dimensões, cujos efeitos põem em risco a vida dos luandenses.
Em várias zonas, sobretudo as periféricas, os citadinos vêm obrigados a atearem fogo aos vários montes de lixo que invadem entradas de escolas, hospitais e estradas dificultando a circulação rodoviária.
Embora o país esteja a atravessar um período económico conturbado, o activista da Rede Urbana de Luta Contra a Pobreza, Will Piassa, diz não ser “muito inteligente” deixar a situação resvalar para este estado, já que as consequências futuras podem ser pior e economicamente mais penosa para o Executivo.
«Tudo isto parte para aquelas questões que de facto iria considerar como prioridade. O que é de facto prioridade para o nosso Executivo? Ter uma cidade suja onde temos um terço da nossa população e deixar a coisa resvalar no ponto em que se encontra neste momento? Não é muito inteligente, não é muito sábio», referiu.
Optimizar a organização e o funcionamento do Governo da Província de Luanda foi uma das tarefas incumbidas pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, ao actual inquilino do palácio do Governo, aquando da sua apresentação oficial a 22 de Setembro de 2014.
Na mesma ocasião, o Chefe do Executivo angolano falou sobre a preconização de um modelo de descontracção administrativa profundo que passa pela atribuição de determinadas responsabilidades às administrações municipais.
As empresas de recolha dos resíduos na capital paralizaram os seus serviços devido às dívidas acumuladas pelo Governo provincial.
Com a crise financeira, fruto da redução do preço do barril de petróleo, o Executivo efectuou um reajuste nas verbas canalizadas para os diversos sectores e a área de saneamento não ficou à margem das medidas de contenção.
A situação forçou as empresas a cruzarem os braços.
Ao longo dos últimos meses vários modelos de recolha de lixo têm sido ensaiados para se pôr cobro à situação, porém sem sucesso.
Will Piassa pensa que o problema do país no provimento de serviços básicos prende-se com a fraca capacidade de sustentabilidade das intervenções.
O activista da Rede Contra Pobreza Urbana defende que se faça um melhor aproveitamento dos recursos humanos disponíveis no país.
A deficiência na recolha de lixo foi reconhecida recentemente pelo governador de Luanda Graciano Domingos que anunciou recentemente a descentralização das responsabilidades na resolução dos problemas básicos da população.
O Ministério das Finanças disponibiliza, para a limpeza de toda a província, cerca de 10 milhões de dólares por mês, equivalente a um terço do montante atribuído há cerca de quatro anos.
As verbas são exíguas e por isso José Sebastião, porta-voz do Governo Provincial de Luanda, anunciou que nos próximos tempos os cidadãos serão obrigados a pagar uma taxa pelo serviço de recolha de lixo prestado pelo Estado.
O activista Will Piassa defende que o problema do lixo na capital angolana, em parte é resultante da não criação de empresas estratégicas com capacidade de reciclagem.
O activista pensa que se deviam criar incentivos fiscais que anulam o pagamento de impostos de modo a motivar o surgimento de operadoras desta natureza.
O docente universitário Domingos das Neves pensa que seja necessário despolitizar a gestão de Luanda para se poder traduzir as orientações políticas na acção.
Para o Director do Centro de Estudos Populorum Progressio nesta altura apenas a Empresa Pública de Saneamento de Luanda está a operar na capital angolana.