Após 500 anos de colonialismo português, 15 de partido único e 25 anos de crises militares e políticas, a literatura da Guiné-Bissau continua condicionada pela história do país, sendo ainda circunscrita ao intervencionismo.
Esta posição é do escritor, fotógrafo e pintor guineense Flaviano Mindela dos Santos, que neste fim-de-semana apresentou na região de Nova Inglaterra, nos Estados Unidos, a sua primeira obra “A Leste de Tudo -crónicas de uma infância”.
Filho de funcionário público e de uma enfermeira, Santos conheceu desde cedo a pressão política, assim como a família que, ainda que veladamente, sofreu certa discrminação por não pensar como o regime de partido único, que vigorou no país entre 1975 e 1991.
O pai foi um defensor da independência pela via negocial e não militar, o que não foi bem visto pelo Governo do PAIGC depois da independência.
A mãe, com toda a família já sem o pai entretanto falecido, foi estrategicamente transferida para Sonako, no interior do país.
Nessa região, longe da estrutura urbana de Bissau de então, Flaviano Mindela dos Santos conheceu uma “outra realidade” que formou a sua memória e que agora coloca, em parte, na sua primeira obra.
O livro de contos, “A Leste de Tudo -crónicas de uma infância”, foi apresentado este fim-de-semana em Fall River, no Estado de Massachussets, para a comunidade lusófona aí radicada.
No ocasião, o escritor também fez uma palestra sobre a influência do colonialismo na literatura guineense.
Neste momento, tem mais duas obras em preparação.
Flaviano Mindela dos Santos esteve nos estúdios da VOA, em Washington, e abordou a sua história, influências e tendências, bem como o estado actual da literatura da Guiné-Bissau.
Acompanhe a entrevista no espaço “Artes e Entretenimento”:
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