A Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) alerta que o coordenador da Frente Popular, Armando Lina, detido desde o dia 18, necessita de “assistência médica urgente” e responsabiliza o Estado pela sua integridade física e de outros sete ativistas. O alerta surge numa nota intitulada '4 dias de sequestro'.
Na sua página no Facebook, a organização de defesa dos direitos humanos afirma, na nota divulgada esta terça-feira, 21, que informações na posse da LGDH apontam que, "em consequência das torturas a que foi submetido, o dr. Armando Lona necessita de assistência médica urgente".
"Todos os prazos legais foram ultrapassados e o dr. Armando Lona e oito cidadãos continuam detidos arbitrariamente", continua a LGDH, sublinhando que "nenhum dos sequestrados foi apresentado ao Ministério Público e, por conseguinte, não existem processos legais contra eles”.
A organização reitera a posição manifestada na entrevista concedida na segunda-feira, 20, à Voz da América, pelo seu presidente Bubacar Turé, ao pedir "a libertação imediata e incondicional de todos os detidos”.
"A LGDH responsabiliza o Estado da Guiné-Bissau pela vida e integridade física de todos os detidos ilegalmente", concluiu a nota.
Marcha e repressão
No sábado, 18, a polícia reprimiu uma marcha organizada pela Frente Popular, que reúnia várias organizações da sociedade civil, intitulada 'resgatar a soberania do país'.
Na ocasião, foram detidas 93 pessoas, entre elas o coordenador da Frente Popular, Armando Lona, e a presidente da Associação Juvenil para a Promoção dos Direitos Humanos, Mansata Mónica Silá.
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No dia seguinte, depois de um encontro entre a LGDH e o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, "usou da sua influência", mas só 84 foram libertados, segundo o presidente da Liga.
Os principais partidos políticos, PAIGC, MADEM-G15 e PRS, entre outros, e organizações da sociedade civil condenaram a repressão e pediram a libertação dos detidos.
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Governo não reage
Na véspera da marcha, o Ministério do Interior e da Ordem Pública comunicou a interdição do protesto, mas, segundo o presidente da LGDH, Bubacar Turé, a lei apenas pede que promotores de atos públicos (como manifestações, protestos e marchas), comuniquem a sua realização às autoridades, que não têm competência legal para os impedir.
A Voz da América tentou falar com o secretário de Estado da Ordem Pública, José Carlos Monteiro, e o Ministério do Interior da Ordem Pública, mas não obteve qualquer reação. Na segunda-feira, o titular da pasta, Botche Candé, remeteu qualquer resposta para o secretário de Estado, que ainda não se pronunciou.