Liberdade de imprensa piora no mundo, diz Repórteres Sem Fronteiras

Guiné-Bissau é o lusófono que mais lugares subiu e Angola o pior classificado.

A liberdade de imprensa sofreu uma regressão brutal em 2014, segundo o relatório da organização não governamental Repórteres Sem Fronteiras, divulgado hoje. Dois terços dos 180 países avaliados pela ONG tiveram resultados piores do que no ano passado. Cabo Verde é o país africano de língua portuguesa melhor classificado, apesar de ter perdido 12 lugares, enquanto a Guiné-Bissau é aquele que mais subiu no índice de liberdade de imprensa.

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Há menos liberdade de imprensa, diz Repórteres Sem Fronteiras - 2:32

Ao analisar a liberdade de imprensa no mundo, a organização Repórteres Sem Fronteiras considera diversos factores como pluralismo e independência dos meios de comunicação, o respeito à segurança e à liberdade dos jornalistas, legislação e ambiente institucional e infra-estruturas em que os jornalistas trabalham.

Diversos aspectos contribuíram para dificultar o trabalho dos jornalistas em 2014, mas o principal foi a acção de grupos extremistas, como o Boko Haran, em África, e o Estado Islâmico, no Iraque e na Síria.

Delphine Halgand, directora dos Repórteres sem Fronteiras nos Estados Unidos, diz que 2014 foi marcado por um nível extremo de violência, com 66 jornalistas mortos. “Nós temos uma explosão de jornalistas sequestrados na Síria, Iraque, Líbia, Ucrânia, e no final do ano passado, havia pelo menos 40 jornalistas sequestrados”, reiterou.

Segundo os Repórteres sem Fronteiras, a Síria é o país mais perigoso do mundo para jornalistas.

A China, controlada com mão de ferro pelo Partido Comunista, está apenas uma posição antes da Síria.

A nível dos países africanos de língua portuguesa, o destaque vai para Guiné-Bissau que subiu 5 pontos, ao ocupar agora a 81ª posição. Em 2014, teve mais 1,35 ponto e não registou nenhum caso de abuso.

Cabo Verde, embora tenha caído 12 lugares devido ao registo de menos 6.37 pontos, continua a ser o país lusófono melhor colocado, na 34ª. posição. O arquipélago não registou nenhum caso de abuso e ó terceiro em África.

No índice dos Repórteres Sem Fronteiras, Moçambique teve menos 0,72 pontos e caiu seis lugares, ocupando agora a 85ª posição, e um registo de 29.98 pontos de abusos contra a liberdade de imprensa.

Angola é o lusófono pior colocado. Embora tenha aumentado um lugar, ocupando agora o lugar 123, perdeu 1.34 pontos e atingiu uma taxa de 37.84 de abusos. Angola integra o grupo vermelho dos países com menos liberdade de imprensa no mundo.

Refira-se que Portugal ficou na 26ª. posição, enquanto o Brasil subiu 12 lugares, ocupando agora a 99ª. posição, embora tenha uma alta taxa de abusos, 56.56.

Finlândia, a Dinamarca e a Noruega lideram o índice dos Repórteres Sem Fronteiras.

A nível do continente africano, o melhor colocado é a Namíbia, na 17ª posição e dentro do privilegiado grupo dos 21 Estados onde há mais liberdade de Imprensa. Gana ocupa a 22ª posição.

São Tomé e Príncipe não foi incluído no relatório.