O relatório sobre a liberdade de imprensa no mundo publicado pela e Freedom House considerou, entre outros aspectos, que as condições de trabalho para jornalistas no mundo decaíram muito e chegaram ao seu ponto mais baixo numa década. O estudo diz que jornalistas enfrentam maiores restrições de governos, grupos rebeldes, criminosos e donos das grandes empresas de mídia.
Hoje em dia, é possível comprar um jornal em praticamente todos os lugares, ou conferir as últimas manchetes num telemóvel.
Entretanto, enquanto o acesso às notícias é fácil, os jornalistas enfrentam cada vez mais julgamentos, prisões, intimidações e são até silenciados, segundo a Freedom House.
A vice-presidente do departamento de análises, Vanessa Tucker, diz que as notícias não são boas: “A liberdade de imprensa sofreu um declínio global em 2014, é a pior queda na última década. As coisas estão a ficar muito difíceis, estão a piorar mais rapidamente do que no ano passado”.
Dos 199 países e territórios estudados em 2014, um total de 63, ou 32%, foram considerados "livres" para os media, enquanto 71 (ou 36%) foram classificados como "parcialmente livres" e 65 (32%) "não livres".
Apenas 14% dos cidadãos do mundo vive em países com imprensa livre, diz a Freedom House.
De acordo com o documento “Liberdade da imprensa em 2015”, o México intimidou jornalistas e aprovou uma controversa lei de comunicação.
Enquanto a maior parte da imprensa da América do Norte foi classificada livre, um grande número das agências de notícias dos países da América Latina entrou na categoria de parcialmente livre ou não livre.
Os Estados Unidos foram criticados pelo duro tratamento dado pela polícia aos jornalistas durante os protestos em Ferguson, Missouri, no ano passado.
Já na região da Ásia e do Pacífico, apenas cinco por cento da população tem acesso à imprensa livre.
No resto do mundo, a maior parte dos países divide-se entre parcialmente livres e não livres.
A classificação da China foi a pior desde 1990, fruto das prisões de jornalistas e o grande controlo do país sobre as agências de notícia.
“Uma das áreas em que identificamos um problema regional e global é o impacto que países como a China tem sobre os seus vizinhos”, diz Vanessa Tucker, que, a título de exemplo, aponta “impacto muito negativo em Hong Kong, em Taiwan, e noutros países vizinhos”.
Na Síria, uma brutal guerra civil gerou graves perigos para jornalistas.
O relatório da Freedom House diz que apenas dois por cento das pessoas no Médio Oriente e no norte da África vivem em ambientes com uma imprensa livre, enquanto a vasta maioria vive em nações classificadas como não livres.
Na África Subsaariana, apenas três por cento da população está exposta a informações geradas pela imprensa livre, enquanto mais de metade da imprensa é considerada parcialmente livre e quase 40 por cento é não livre.
O documento afirma ainda que os países da Eurásia continuam a ter a pior nota média entre todas as regiões do planeta. Mais de 80 por cento da imprensa foi considerada não livre e menos de 20 por cento como parcialmente livre.
Na Rússia, o relatório diz que houve uma repressão de vozes independentes dentro do país e nas nações vizinhas.
A Freedom House conclui o seu relatório de 2015 referente ao ano passado dizendo que as crescentes ameaças contra a imprensa livre são um duro desafio para os valores democráticos em todo o mundo.