A liberdade de imprensa regista uma queda acentuada em Moçambique, facto atestado com os recentes raptos, agressões e ataques a jornalistas, alguns até em pleno exercício da sua actividade.
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O jornalista Armando Nenane, presidente da Associação do Jornalismo Judiciário, é de opinião que um dos maiores desafios para o exercício pleno da Liberdade de Imprensa, sobretudo para os órgãos de comunicação públicos, é a interferência política na linha editorial
Para Nename, não se pode falar de liberdade de imprensa “quando jornalistas sofrerem aquilo que chamamos de interferências políticas, em alguns casos interferências políticas grosseiras na gestão editorial dos órgãos de comunicado, sobretudo os órgãos públicos”.
“Nós não podemos ter um sector da comunicação social público que funciona como uma espécie de prolongamento do partido no poder, nem como uma espécie de órgãos governamentais", concluiu Armando Nenane.
Por seu lado, Fátima Mimbire, do Centro de Integridade Pública (CIP) , associa estas interferências à falta de sustentabilidade financeira que se assiste nos órgãos privados, como uma das fortes ameaça à liberdade de imprensa.
"Quando olhamos para a imprensa publica nós vemos que há um controle cerrado da informação que é publicada”, diz Mimbire, para quem “não faz sentido que a imprensa pública seja controlada ideologicamente”.
Para Eduardo Constantino, secretário geral do Sindicato Nacional de Jornalistas, as recorrentes agressões físicas contra profissionais são dos grandes empecilhos para que a comunicação social moçambicana exerça cabalmente a sua função.
Para ele, não se pode falar de liberdade de imprensa quando situações desta natureza ocorrem em plena luz do dia, “não se pode falar de democracia quando a liberdade de imprensa e de expressão esta sendo posta em causa, e não se pode falar de boa governação quando a liberdade de imprensa e de expressão está sendo posta em causa”.
Moçambique desceu seis lugares no índice da liberdade de imprensa de 2018 da Repórteres Sem Fronteiras, ocupando a posição 93 entre 180 países.
Nyusi pede ética
Entretanto, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, pediu hoje aos jornalistas equilíbrio entre interesse público e direito à privacidade e que se abstenham de contrariar direitos e liberdades constitucionais.
Numa mensagem alusiva ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, Nyusi afirmou que a liberdade de imprensa não deve contrariar os demais direitos e liberdades constitucionais, como o direito à honra e ao bom nome de todos os cidadãos, bem como o direito à privacidade, estabelecendo o equilíbrio acertado entre o interesse público e o direito à privacidade.