O Presidente angolano avista-se na quarta-feira, 25, em Luanda com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia. Sergei Lavrov, num encontro que se advinha tenso, na sequência da condenação do chefe de estado angolano da anexação de território ucraniano pela Rússia.
A leitura é de analistas políticos em Luanda.
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A condenação, feita em Washington, foi acompanhada da revelação de que o Governo de Angola pretende diversificar o armamento do seu exército, com a aquisição de material de defesa americano, num sinal claro de uma mudança de política externa durante décadas alinhada a Moscovo, que apoiou militarmente o MPLA.
Os Estados Unidos têm vindo a intensificar a sua aproximação a Angola ao elogiar constantemente o Presidente angolano e prometer um maior envolvimento de Washington em termos económicos e políticos.
Veja Também Enviado da Casa Branca desloca-se a AngolaO académico João Lukombo Nzatuzola diz que os encontros deverão servir para "restabelecer a confiança da Rússia com Angola como seu parceiro estratégico” e , ao mesmo tempo, permitir ao Governo garantir que as relações bilaterais não estão postas em causa, apesar de condenar a invasão ao país vizinho, a Ucrânia.
“Angola terá que ter muita diplomacia para transmitir isso à parte russa”, afirma Lukombo.
Veja Também Chefe da diplomacia russa encontra-se com João Lourenço em Luanda na quarta-feiraPor seu turno, o jurista Pedro Capracata defende que Angola devia-se manter neutra em relação ao conflito na Ucrânia e lembra que os dois países “têm um histórico de relações políticas e ideológicas” que devem ser preservadas.
“Angola podia não manifestar uma neutralidade aberta em relação ao conflito, mas pelo menos não fazer pronunciamento abertos contra a Rússia”, acrescenta Capracata para quem Lavrov “vem apenas advertir as autoridades angolanas das consequências que possam advir do seu posicionamento”.
O veterano jornalista Avelino Miguel considera “uma visita de grande dimensão diplomática” a vinda de Serguey Lavrov a Luanda, mas sublinha que o novo posicionamento de Angola sobre o conflito ucraniano “não deixou de beliscar as relações entre Angola e a Rússia”.
“Talvez a Rússia gostaria de saber qual será o futuro das relações entre os dois países”, conclui.
A visita de Lavrov a Luanda surge pouco menos de uma semana depois de o seu homólogo americano, Antony Blinken, ter reiterado o “interesse crescente norte-americano no mercado angolano”, numa conversa com o Presidente João Lourenço.
Lavrov tem previstos encontros, nesta quarta-feira, 25, com o Presidente angolano em Luanda, depois de se reunir com o seu colega Tete António.
O diplomata russo visita Angola também pouco mais de uma semana depois do seu homólogo chinês ter estado em Luanda e e se tger reunido também com João Lourenço e Tete António.
Na capital angolana, Lavrov visitará o Memorial Dr. António Agostinho Neto, o jazigo do ex-Presidente José Eduardo dos Santos e o Museu Nacional de História Militar.
A visita termina na quinta-feira.