O discurso do presidente da República de Angola José Eduardo dos Santos sobre o Estado da Nação não foi bem acolhido pelos kwanzasulinos, uma vez que os problemas da população, sobretudo nas áreas mais longínquas continuam,latentes.
José Eduardo dos Santos falou do combate à fome e pobreza, da situação educativa,da saúde e de outros segmentos como factores que têm catapultado a sua governação para patamares mais altos.Mas, esqueceu-se que existe no Kwanza-Sul um exército de jovens desempregados muitos dos quais pautando-se pela delinquência.
A população desta província diz estar agastada com discursos lindos já que a realidade no terreno é diferente, retirando desta forma o slogan segundo o qual” o governo deve trabalhar para a solução dos problemas que mais afligem as populações.
A par de Luanda e demais províncias, por cá também foi realizada uma marcha de solidariedade perante o discurso de José Eduardo dos Santos na abertura de mais um ano legislativo onde trabalhadores depois da jornada laboral e com barriga vazia foram obrigados a galgar alguns quilómetros gritando “dos Santos amigo, o povo está contigo”.
A sociedade sumbense não foi poupada:até domésticas foram obrigadas a marchar, ostentando indumentária do partido maioritário e, é claro, no Kwanza-Sul o MPLA predomina desde os primórdios.
Mau grado,os jovens da comuna do Gungo município do Sumbe não vivem esta realidade e clamam por crédito jovem este que nunca lá chegou.Calei Tamba é jovem e vive maritalmente com quatro mulheres. Ele não se revê no discurso do presidente da República, uma vez que - segundo disse à Voz da América - ao organismo que superintende a juventude na província passa despercebido aos múltiplos problemas que a juventude vive naquela circunscrição:"O modo de vida da juventude aqui é mesmo desenrascar.Estamos mesmo à rasca,desenrascando todo tempo e depois com filhos que nós temos. No meu caso concreto, venho a viver com quatro mulheres e cada mulher tem 4 a 6 filhos e já não consigo suportar. Tenho um pequeno estabelecimento, mas esse estabelecimento já não me ajuda.Então quero ajuda do Estado para que esse crédito atinja até aqui".
Calei Tamba disse que para levar bens para a sua cantina por forma a devolver um pouco de alegria às populações tem de fazer das tripas o coração.Isto é,tem andar de moto ou a pé até o Eval Guerra num percurso de 35 quilómetros que devido a degradação da via leva mais de seis horas.
O litro de óleo que custa cento e cinquenta kwanzas ao preço normal, mas é vendido no Gungo a quatrocentos kwanzas ao passo que o açúcar,o arroz,a massa alimentar,o sabão e o sal custam duzentos e cinquenta a trezentos kwanzas contra os cento e oitenta a duzentos kwanzas no Eval Guerra. Para ele é um autêntico sofrimento facto que é corroborado pelo jovem Casimiro, da mesma localidade.Este que mostrou-se bastante desapontado com a falta de um campo de futebol e material desportivo.
De salientar que o governo central gizou políticas consentâneas sobre o “Crédito Jovem”para combater a pobreza no seio da camada jovem mas, por cá, tal desiderato caiu em saco roto. O director provincial da Juventude e Desportos,Manuel Rosa da Silva, apoderou-se do dinheiro e respectivos meios em benefício próprio e de uma dúzia de amigos,dando destino incerto ao grande projecto do governo.
Em consequência disso o responsável máximo do sector já se encontra a repousar na unidade prisional do Sumbe a aguardar os ulteriores termos do processo para o seu julgamento. Mateus Júnior.
Trabalhadores depois da jornada laboral e com barriga vazia foram obrigados a galgar alguns quilómetros gritando “dos Santos amigo, o povo está contigo”