Depois do general Leopoldino do Nascimento “Dino” ter prestado depoimentos ontem, foi a vez nesta quarta-feira, 14, do general Hélder Vieira Dias "Kopelipa” se deslocar à Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal (DNIAP) da Procuradoria Geral da República (PGR) de Angola para ser interrogado sobre alegados crimes financeiros.
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Entre outros crimes, os dois generais são acusados de peculato, branqueamento de capitais e burla, num processo relacionado com uma linha de crédito de 2,5 mil milhões de dólares concedida pelo Banco Industrial e Comercial da China a Angola através da empresa China International Fund (CIF).
“Kopelipa”, anterior chefe da Casa Militar da Presidência, chegou à sala de interrogatórios por volta das 9 horas acompanhado do seu advogado, Sérgio Raimundo, e permaneceu lá durante várias horas.
Ontem, o general “Dino”, antigo chefe das comunicações do ex-Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, foi ouvido durante sete horas, sem que os resultados fossem do domínio público, por alegadamente, o processo estar sob o segredo de justiça, segundo os advogados.
Os interrogatórios estavam previstos para ter lugar na semana passada mas foram adiados a pedido dos dois generais.
Segundo relatos publicados no semanário Expresso, de Portugal, os dois escreveram ao Presidente João Lourenço a manifestar a sua disponibilidade de devolver o património adquirido com bens do Estado, o que estaria já a ocorrer.
Os juristas Lindo Bernardo Tito e Salvador Freire entendem, entretanto, que esta atitude não iliba as duas figuras de uma possível responsabilização criminal podendo a devolução voluntária funcionar apenas como atenuante.
Bernardo Tito considera que entre ficar encarcerado e devolver os activos, embora muito tardiamente, os dois generais “não têm muito que escolher”.
Tito não descarta a possibilidade de haver alguma contrapartida na acção de "Kopelipa" e "Dino".
Salvador Freire diz, por seu turno, não ter dúvidas que os dois generais serão julgados e responsabilizados pelos crime cometidos, "apesar da entrega antecipada dos bens surripiados do Estado".