O roteiro da paz assinado entre o Governo e a RENAMO prevê o desmantelamento das bases militares do maior partido da oposição moçambicana até ao dia 21 de Agosto.
Faltando um dia, isso está longe de ser cumprindo, sobretudo com a posição da auto-proclamada Junta Militar da RENAMO de não reconhecer o acordo de paz recentemente rubricado e exigir o adiamento das eleições gerais.
Após eleger Mariano Nhongo para o cargo de Presidente da RENAMO, foi através de João Machava que se conheceu o posicionamento da auto-proclamada Junta Militar da perdiz, que ameaça não cumprir com o processo de Desmobilização, Desarmamento e Reintegração dos guerrilheiros do maior partido da oposição.
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"O Presidente (Mariano Nhongo) vai falar com a bancada da RENAMO para não aprovar o acordo de 6 de Agosto", disse João Machava para depois acrescentar que "nós não iremos sair das matas, enquanto o Governo não negociar connosco, estando a negociar com Ossufo Momade" para "exigir o adiamento das eleições marcadas para Outubro de 2019".
José Manteigas, porta-voz da RENAMO, desvaloriza a eleição de Nhongo por ter ocorrido fora dos ditames dos estatutos do partido.
"A RENAMO não quer deixar-se distrair por actos praticados fora do espírito e da letra dos Estatutos do Partido, os órgãos do Partido RENAMO são eleitos em congresso", frisa Manteigas.
Manteigas reitera que a bancada parlamentar da RENAMO vai aprovar a proposta de Lei do Acordo de Paz de 6 de Agosto, que vai a debate a partir de quarta-feira.
"A RENAMO liderada pelo General Oussufo Momade, está a cumprir integralmente o acordo de cessação das hostilidades e o acordo de paz definitiva e reconciliação nacional", assegura Manteigas para depois repisar que "o que à RENAMO lhe competia fazer já o fez, dai que este este é um assunto de Estado".
Para o analista Fernando Goncalves, o posicionamento da aludida Junta Militar da RENAMO é preocupante, pelo que o Governo deve procurar mecanismo para que estes homens armados não coloquem em causa a paz no país.
"É preciso frisar que dissidências num partido, que seja civil, sem uma componente militar não devem constituir preocupação (...) o problema é que estas pessoas estão armadas e isso deve ser grande preocupação para o Governo", comenta Goncalves.