João Lourenço quer sentar Tshisekedi e Kagame à mesa de negociações

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Presidentes João Lourenço, de Angola (esq), Paul Kagame, do Ruanda (cen) e Felix Tshisekedi, da RDC, Luanda, 21 Fevereiro 2020

Primeira-ministra da RDC, Judith Suminwa Tuluka, descarta qualquer negociação com o Ruanda e apela a "ações fortes e sanções específicas"

Os presidentes da República Democrática do Congo (RDC), Felix Tshisekedi, e do Ruanda, Paul Kagame, poderão reunir-se "muito em breve" para conversações sobre a situação no leste da RDC, apesar das posições extremadas entre os dois.

Em declarações em Abidjan na quinta-feira, 27, o Presidente angolano afirmou, que "estamos atualmente a negociar, a nível ministerial, com vista a podermos reunir muito em breve os dois chefes de Estado da RDC e do Ruanda, para uma relação directa intercâmbio sobre a necessidade urgente de alcançar uma paz definitiva".

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João Lourenço, que termina hoje uma visita de dois dias à Costa do Marfim, sublinhou que "a única saída é resolver este conflito à volta da mesa de negociações".

Entretanto, também ontem, a primeira-ministra da RDC, Judith Suminwa Tuluka, descartou qualquer negociação com o Ruanda, e apelou a "ações fortes e sanções específicas" contra Kigali.

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“Acredito que o Chefe de Estado foi claro: não vamos negociar com as pessoas que nos atacam”, disse Suminwa Tuluka durante uma visita a Goma.

Tuluka visitou um campo para refugiados deslocados pela violência onde um atentado bombista de 23 de maio atribuído aos rebeldes do M23 matou 35 pessoas.

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“Os esforços diplomáticos...devem forçar o agressor a parar”, disse ela, acrescentando que “estamos aqui para procurar todas as formas possíveis para encontrar uma solução para os seus problemas”.

Na terça-feira, Lourenço manifestou a sua “profunda preocupação” com a situação de segurança no Kivu Norte.

O Presidente angolano tem mediado o conflito na região oriental do Kivu do Norte, no leste da RDC, onde os rebeldes M23 apoiados pelo Ruanda lutam contra as forças de Kinshasa desde finais de 2021.

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Os rebeldes conquistaram vastas áreas de território ao longo dos últimos anos, cercando quase completamente Goma, a capital provincial do Kivu do Norte.

Em fevereiro, o Governo dos Estados Unidos condenaram o apoio do Ruanda ao grupo M23 apelou aos rebeldes que cessem as hostilidades.

Numa declaração, o Departamento de Estado criticou a deterioração da situação naquela zona “causada pelas ações do grupo armado M23 apoiado pelo Ruanda que é alvo de sanções pelos Estados Unidos e ONU”.

O Departamento de Estado apelou ao governo do Ruanda para retirar imediatamente todas as suas forças do Congo e apelou aos rebeldes para se retirarem das suas atuais posições perto de duas áreas urbanas na província do Kivu Norte.

“É essencial que todos osEstados respeitem a soberania e integridade territorial mutual e responsabilizem os responsáveis por abusos de direitos humanos no leste do Congo”, concluiu a nota do Departamento de Estado.

C/AFP