O Presidente angolano substituiu seis oficiais generais na Casa de Segurança da Presidência da República, nesta segunda-feira, 24, dia em que a Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou ter aberto um processo-crime contra oficiais das Forças Armadas Angolanas (FAA) afectos à Casa de Segurança.
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A limpeza de João Lourenço surge dias depois do major Paulo Lussaty, oficial da FAA em serviço na Presidência e chefe das finanças da banda musical, ter sido detido no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro quando tentava viajar para o estrangeiro com 10 milhões de dólares e quatro milhões de euros.
Em nota, a Casa Civil da Presidência da República informou que “depois de ouvido o Conselho de Segurança Nacional", Lourenço exonerou os tenentes-generais Ernesto Guerra Pires, do cargo de consultor do ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Angelino Domingos Vieira, do cargo de secretário para o Pessoal e Quadros.
Ainda na mesma nota informa-se que José Manuel Felipe Fernandes foi exonerado do cargo de secretário-geral da Casa de Segurança do Presidente da República; João Francisco Cristóvão, do cargo de director de Gabinete do Ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Paulo Maria Bravo da Costa, do cargo de secretário para Logística e Infra-Estruturas da Casa de Segurança do Presidente da República, e o brigadeiro José Barroso Nicolau, do cargo de assistente principal da Secretaria para os Assuntos dos Órgãos de Inteligência e Segurança de Estado.
A nota não apresenta as razões do afastamento dos seis oficiais superiores das FAA que trabalhavam na Casa de Segurança nem nomeia os seus substitutos.
PGR confirma processo-crime
Também hoje, a PGR revelou a abertura de um processo-crime no qual “estão envolvidos oficiais das Forças Armadas Angolanas afectos à Casa de Segurança do Presidente da República, por suspeita de cometimento dos crimes de peculato, retenção de moeda, associação criminosa e outros".
Sem indicar prisões ou nomes das pessoas envolvidas, a PGR limitou-se a dizer que na operação "foram apreendidos valores monetários em dinheiro sonante, guardados em caixas e malas, na ordem de milhões, em dólares norte-americanos, em euros e em kwanzas, bem como residências e viaturas".
Por agora, concluiu o comunicado, "o referido processo segue a sua tramitação para a determinação de todos os bens e valores em causa, de todos os agentes envolvidos, de outras infracções cometidas e demais circunstâncias relevantes, encontrando-se, para o efeito, em fase de instrução preparatória".
Esquema antigo na Presidência
A prisão do major Paulo Lussaty aconteceu na semana passada, segundo noticiou na altura o Novo Jornal.
Entretanto, uma fonte da Casa de Segurança da Presidência da República revelou à VOA que a operação é parte de um esquema antigo em que estão envolvidos muitas altas patentes das FAA.
Segundo a nossa fonte, o major Pedro Lussaty estava a ser seguido após um negócio com o general Bento Kangamba, que lhe terá vendido uma residência na Espanha.
Quando as autoridades espanholas alertaram as autoridades angolanas sobre a existência de um novo dono da referida habitação, o general foi notificado três vezes mas não compareceu, de lá para cá as autoridades judicais passaram a seguir o major Pedro Lussaty e fizeram devido levantamento da sua ficha em Luanda.
Questionado como o referido montante é colocado fora do sistema bancário, a nossa fonte conta que, através do "saco azul" da Presidência, com o qual se fazem diversos pagamentos sem necessidade de justificativos, os militares envolvidos conseguem manejar avultadas somas de dinheiro fora do sistema bancário.