O Presidente do MPLA, partido no poder em Angola, acusou o principal partido da oposição de “fazer leituras erradas” e de tentar “estimular a divisão interna através da criação de fações reais ou mesmo virtuais” dentro do partido dos camaradas.
João Lourenço, que falava na abertura de mais uma reunião do Bureau Político do seu partido, nesta segunda-feria, 18, sem citar a UNITA, também referiu-se às supostas manobras de diversão que, em sua opinião, visam o desgaste do seu partido.
Estas declarações são entendidas por analistas políticos como uma referência a informações que dão conta do surgimento de um movimento político interno alternativo à sua liderança.
Veja Também Rui Falcão diz que processo de impugnação terminou e acusa a UNITA de “agir com emoção”Em relação ao combate à corrupção, João Lourenço diz haver “forças retrógradas que ao invés de aplaudir e encorajar as instituições envolvidas neste combate preferem dizer que não estão a fazer nada”.
O líder do MPLA acusou pessoas, organizações e partidos, sem citar nomes, alegando estarem em grande aliança com os que dilapidam o erário e de serem financiados por estes para derrubarem o MPLA.
Para o secretário da UNITA para Comunicação e Marketing, as declarações do líder do MPLA não têm a UNITA como destinatário e assegurou que a destituição do Presidente da República “não é um processo fechado”.
“O Presidente do MPLA sabe de quem está a falar. E nós também sabemos que não está na falar de nós”, afirma Evaldo Evangelista.
O jornalsta Ilídio Manuel diz, por seu turno, que com estas declarações o João Lourenço “procura atirar para fora os problemas internos do seu partido e empurrar as crises internas para arranjar subterfúgios como se fossem terceiros a provocá-las”.
Sobre o combate à corrupção, aquele analista político defende que o processo encalhou a partir no momento em que começou a ser seletivo e que o fenómeno continua e envolve colaboradores atuais do Presidente da República.
Manuel também considera que “um chefe de Estado não se deve limitar a acusar e se tiver provas que as apresente à justiça” e diz haver pessoas descritas como marimbondos que têm apoiado também o atual Executivo depois de terem estado ao lado do falecido Presidente José Eduardo dos Santos.
No seu discurso, João Lourenço assegurou que "o país está empenhado em construir uma verdadeira economia de mercado que dá primazia ao setor empresarial privado" e destacou os recentes acordos assinados com o governo americano durante a sua deslocação à Casa Branca.
A reunião do Bureau Político do MPLA aberta nesta segunda-feira serviu de antecâmara à plenária ordinária do Comité Central a ter lugar amanhã e que tem agendado também temas da vida interna do partido.