O Presidente angolano João Lourenço foi quem, em 2016, enquanto ministro da Defesa, dirigiu para uma empresa privada um acordo de compra de navios de guerra a uma companhia envolvida num escândalo de corrupção em Moçambique, escreve o semanário angolano Expansão.
O semanário escreve que um mês depois do ex-presidente José Eduardo dos Santos ter aprovado a compra de 17 navios militares à companhia Privinvest, o então ministro da defesa João Lourenço subdelegou o contrato para uma companhia privada, a SIMPORTEX dirigida pelo então brigadeiro Luís Manuel Pizarro.
Veja Também Oposição angolana quer investigação a negócios com companhias das "dívidas ocultas"O acordo para a compra dos navios foi aprovado por um decreto assinado por José Eduardo dos Santos, em Agosto de 2016, avaliado em 496 milhões de euros.
Eduardo dos Santos autorizou o então ministro da defesa João Lourenço a celebrar o contrato ou a subdelegar a tarefa, o que este fez para benefício da SIMPORTEX.
O ministério da Defesa disse ao "Expansão" que Angola já recebeu seis dos 17 navios militares, embora o contrato só tenha entrado em vigor em 2018 “devido a constrangimentos de ordem financeira”.
Veja Também Angola negociou com companhia envolvida nas "dívidas ocultas" de MoçambiqueO envolvimento de Angola com a companhia Privinvest foi revelado pela companhia de análise de risco em África EXX Africa que disse que o acordo tem “semelhanças notáveis” com aquele que assinado com Moçambique e que resultou no escândalo das “dívidas ocultas”.
O funcionário da Privinvest Jean Boustani, preso em Nova Iorque por alegado envolvimento na corrupção em redor das “dívidas ocultas” de Moçambique, esteve também envolvido em negociar os acordos daquela empresa em Angola.
O ex ministro das Finanças moçambicano Manuel Chang encontra-se preso na África do Sul, onde aguarda uma decisão sobre a sua extradição para os Estados Unidos. Outras entidades moçambicanas estão mencionadas em acusações formuladas nos Estados Unidos .
A EXX África disse que uma companhia de João Lourenço - Consultores e Prestação de Serviços (JALC) – “teve um papel” nas negociações que levaram à compra dos navios.
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