A Unita diz não ter motivos para acreditar no anúncio do Presidente angolano de que vai deixar a vida pública em 2018, enquanto o analista político Nélson Pestana Bonavena acredita que José Eduardo dos Santos abriu caminho à sua sucessão pelo próprio filho.
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“O Presidente da República vai, em 2017, ser o cabeça de lista e pôr o filho como segundo, o que quer dizer que será o vice-presidente”, disse Pestana Bonavena à VOA, após o anúncio feito por José Eduardo dos Santos na abertura da 11ª. reunião do Comité Central do MPLA, em Luanda.
O analista político e académico considera que os primeiros passos neste sentido serão dados já em Agosto durante o congresso que vai permitir a entrada de jovens políticos na direcção do MPLA para servirem de "falange de apoio ao filho de José Eduardo dos Santos".
No campo partidário, a Unita afirma não ter motivos para acreditar no que disse o Presidente angolano.
O cepticismo do principal partido da oposição é revelada pelo seu vice-presidente que considera que, com este pronunciamento, José Eduardo dos Santos pretenda apenas testar a sua popularidade, dentro e fora do partido, e depois ´dar o dito por não dito´”, como já aconteceu em 2001, quando anunciou que na eleição seguinte já não seria candidato do MPLA.
“A única coisa que temos que fazer é esperar para ver o que vai acontecer em 2018”, disse Raúl Danda à VOA.
O anúncio do Presidente angolano apanhou de surpresa os membros do Comité Central do MPLA na reunião iniciada hoje e que vai preparar o congresso a realizar-se em Agosto.
"Em 2012, em eleições gerais, fui eleito Presidente da República e empossado para cumprir um mandato que nos termos da Constituição da República termina em 2017. Assim, eu tomei a decisão de deixar a vida política activa em 2018", disse no início da reunião.
Santos ocupa a chefia do Estado e do Governo desde Setembro de 1979, cargo que assumiu após a morte de Agostinho Neto.
Na mensagem que dirigiu aos mais de 260 membros do Comité Central do MPLA presentes na reunião, José Eduardo dos Santos criticou ainda a gestão danosa nas empresas públicas, apelando à mobilização dos melhores quadros para as funções de governação do país.
Entre oito pontos da ordem de trabalhos da reunião desta sexta-feira, consta um para "apreciação do projeto de resolução sobre a candidatura do camarada José Eduardo dos Santos ao cargo de presidente do MPLA".