Jornalistas moçambicanos ainda enfrentam muitos desafios, como cobertura da guerra e auto-censura

Jornalistas da Haq TV, Moçambique

Assinala-se hoje o Dia do Jornalista Moçambicano

O exercício da actividade jornalística em Moçambique tem estado a enfrentar novos desafios que atentam a liberdade de informar, concretamente derivados das restrições impostas pela pandemia da covid-19 e, sobretudo, dos ataques terrorismo na província de Cabo Delgado que limita a actuação dos profissionais da área.

Mas há outros desafios, como por exemploa a persistente auto-censura.

Para Osvaldo Gemo, do Sindicato Nacional dos Jornalistas, estes eventos extremos exigem medidas de mitigação.

“O terrorismo e a pandemia da COVID-19 são eventos extremos que necessitam de medidas de mitigação apropriadas, as medidas de metigação também devem ser consideradas no ramo de jornalismo. Falando particularmente do terrorismo ele aconteceu numa altura em que nenhum órgão estava preparado para enfrentar uma situação daquelas e eventualmente até hoje não estamos preparados”, considera Oscodo Gemo.

Apesar destas limitações, a conselheira para Imprensa e Cultura da Embaixada dos Estados Unidos da América em Maputo, Vanessa Toscano, realça a abertura existente para o exercício do jornalismo no país, apesar da auto-censura.

“No país existe mesmo uma imprensa independente e forte, uma investigação de jornalismo muito relevante e que vai levar o país para frente, levar a evoluir a democracia em Moçambique”, afirma Toscano para quem “existe também a auto-censura por causa do próprio medo de sofrer uma ameaça e você não vai publicar um tema específica”.

A Constituição de 1990 abriu espaço para o pluralismo de ideias e para a jornalista Jacinta Nhamitambo houve progressos na prática da actividade, sobretudo para a mulher.

“Esta liberdade de expressão, de informação e também da criação dos órgãos privados foi muito bom porque nós temos a liberdade de estarmos informados, de ler, de escutar aquilo que queremos e quando queremos e para nós como cidadãos tirarmos à conclusão de onde está a verdade “, diz a radialista Jacinta Nhamitambo.

No entanto, a revisão da Lei de Imprensa em curso e cujo debate no Parlamento está na calha deixa os jornalistas preocupados porque, segundo Enoque Daniel, a proposta contém aspectos que poderão limitar o exercício da actividade.

“Com a nova proposta da Lei de Imprensa que vai ser discutida ao nível da Assembleia da República isto vem pior aquilo que são os direitos que a sociedade tem em relação ao acesso à informação, em que contexto, nós no país temos vários órgãos de comunicação social estrangeiros como a Voz da América, a DW ou RTP África e esta nova proposta vai limitar a actuação destes órgãos ao nível do país e isto coloca em causa aquilo que é o direito que o povo tem à informação”, refera Daniel.

Refira-se que o Dia do Jornalista Moçambicano assinala-se a 11 de Abril, desde 1978, celebrando a criação da Organização Nacional de Jornalistas, actual Sindicato Nacional de Jornalistas que clama por eleições do seu Secretariado que está há mais de cinco anos fora de mandato.